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A epidemia dos maus gestores e seus impactos no mercado de trabalho

Foto: divulgação.

Por Marcello Amaro, CHRO da fintech Portão 3.

A decisão de abandonar um emprego devido a um mau gestor se tornou algo comum nos últimos anos, refletindo uma tendência preocupante no ambiente de trabalho atual. De acordo com uma pesquisa do LinkedIn, cerca de sete em cada 10 colaboradores afirmam que deixariam seus empregos por causa de um gerente ruim e essa estatística revela uma crise de liderança que afeta não apenas a satisfação da equipe, mas também a retenção de talentos nas empresas. A capacidade de gerenciar de forma eficaz é um fator essencial para o sucesso organizacional, e a falta dela pode ter consequências devastadoras.

Os Millennials, muitos dos quais entraram no mundo corporativo durante a crise financeira de 2008, são os mais propensos a abandonar seus cargos, isso porque essas pessoas, que cresceram em um ambiente de incertezas econômicas, valorizam a estabilidade e o bem-estar no trabalho e, quando confrontados com uma liderança tóxica, optam por procurar ambientes mais saudáveis e respeitosos. Enquanto isso, a Geração Z, que está apenas começando suas carreiras, segue essa tendência, demonstrando uma intolerância crescente a ambientes de trabalho insatisfatórios.

As consequências de uma má gestão vão além da perda de talentos, e também representam um custo financeiro significativo para as empresas: de 2014 a 2019, a liderança tóxica resultou em mais de USD 223 bilhões em custos de rotatividade. Esse valor impressionante ilustra o impacto econômico direto de uma gestão inadequada. Além disso, o alto índice de rotatividade pode afetar a moral dos funcionários restantes, reduzir a produtividade e prejudicar a reputação da empresa no mercado. Em última análise, a falta de investimento em formação e desenvolvimento de bons gestores pode se tornar um problema caro e prejudicial para as organizações.

Outra consequência alarmante da proliferação de maus líderes é a falta de interesse dos jovens em assumirem posições mais altas dentro dos negócios, e, apenas um terço dos colaboradores entrevistados pela LinkedIn têm interesse em se tornarem gestores. Essa aversão pode ser atribuída à observação de maus exemplos no ambiente de trabalho, que desencorajam os novos profissionais a seguirem essa trajetória. A percepção de que ser um gerente significa replicar práticas tóxicas desestimula muitos a buscar essa responsabilidade, criando um vácuo de liderança futura.

A má gestão está rapidamente se tornando uma epidemia no local de trabalho, com impactos profundos e de longo alcance. A perda de talentos, os altos custos de rotatividade e a falta de interesse em posições de liderança são sintomas de um problema maior que precisa ser abordado com urgência. As empresas devem investir na formação de gestores competentes, capazes de liderar com empatia e eficácia, se quiserem reter talentos e prosperar no competitivo mercado de trabalho atual. A mudança começa com o reconhecimento de que bons líderes são essenciais para o sucesso organizacional e o bem-estar dos colaboradores.

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