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IA do Google e suspensão de contas de anunciantes: onde está o equilíbrio?

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Foto: divulgação

Por Danilo Mazuquin, especialista em Ciência da Computação e CEO da Mazukim.

O Google é, inegavelmente, uma das maiores e mais influentes empresas do mundo. Com um domínio que vai muito além do campo das buscas na internet, a gigante de tecnologia oferece uma infinidade de serviços, desde e-mails até plataformas de anúncios, como o Google Ads. No entanto, é justamente nesse último ponto que uma questão tem gerado polêmica e preocupação entre empreendedores: a suspensão de contas de anunciantes por meio da utilização da inteligência artificial (IA).

De acordo com dados divulgados pelo próprio Google, em 2023, mais de 5,5 bilhões de anúncios e 12,7 milhões de contas de anunciantes foram eliminados e grande parte delas graças ao uso da IA. A empresa alega que essa abordagem é fundamental para combater a proliferação de conteúdo fraudulento e proteger os usuários de possíveis golpes ou práticas enganosas. A realidade vivenciada por muitos empreendedores que dependem do Google Ads para impulsionar seus negócios conta uma história diferente.

O crescente número de contas suspensas a cada ano poderia ser interpretado como um sinal de que o Google está intensificando seus esforços para garantir a confiabilidade de sua plataforma de anúncios. Em um ambiente digital repleto de armadilhas e ameaças, a implementação de medidas rigorosas de verificação seria, teoricamente, um benefício para os consumidores finais. Apesar de uma intenção nobre de proteger os usuários, essa solução também abre espaço para uma série de problemas, considerando os inúmeros relatos de perfis excluídos sem justificativa plausível e mesmo após seguirem todas as diretrizes estabelecidas pela empresa.

O impacto dessas suspensões vai muito além de uma simples inconveniência. Para muitos empreendedores, especialmente aqueles que operam exclusivamente no virtual, o Google Ads representa uma fonte vital de visibilidade e receita. Esses acontecimentos podem paralisar completamente suas operações, resultando em perdas financeiras significativas e, em alguns casos, ameaçando a própria sobrevivência do negócio.

Empreendedores relatam terem seguido todos os procedimentos de revisão interna oferecidos pelo Google, mas foram confrontados com respostas genéricas e uma falta de transparência em relação aos motivos exatos da suspensão. Isso cria um cenário de desamparo e impotência, além de prejuízos diários e a perspectiva de ter que recorrer a medidas legais para buscar justiça. Muitos, inclusive, acabam recorrendo a ações judiciais como último recurso para tentar reverter a decisão, o que gera um ônus adicional para todas as partes envolvidas.

O problema acaba ultrapassando o impacto individual. O crescente número de processos judiciais movidos por empreendedores contra o Google reflete um padrão preocupante que mina a relação de parceria que deveria existir entre a plataforma de anúncios e seus usuários. Em um ambiente de negócios cada vez mais digital e interconectado, é fundamental que as empresas de tecnologia reconheçam a importância de estabelecer processos transparentes, justos e acessíveis.

A utilização da inteligência artificial para a moderação de conteúdo é, sem dúvidas, um recurso capaz de ajudar a proteger os usuários e aprimorar a qualidade do ambiente digital, mas, é essencial encontrar um equilíbrio entre a aplicação de algoritmos e a intervenção humana, garantindo que as pessoas tenham a oportunidade de apresentar suas defesas, receber explicações claras da plataforma sobre as razões da suspensão e, acima de tudo, receberem respeito e empatia.

A suspensão de contas de anunciantes pelo Google por meio da inteligência artificial não é apenas uma questão de eficácia operacional, mas de reconhecer o impacto que as decisões corporativas podem ter sobre as vidas e os meios de subsistência das pessoas. É hora de buscar um diálogo construtivo e encontrar soluções que conciliem os interesses de todas as partes envolvidas em prol de um espaço virtual mais equilibrado.

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