Com todos os olhares voltados para a geração Z, que representa o futuro do mercado de trabalho e de consumo, existe uma preocupação para que eles comecem a vida financeira de forma sustentável. Mas, de acordo com o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, feito pela Serasa, a geração Z é a segunda mais endividada do país, representando 34,1%.
As mudanças do pós-pandemia trouxeram um cenário difícil para quem está no início da vida adulta, com a piora na inflação e a diminuição no poder de compra, o que pode explicar o impacto nas contas dos jovens e do país.
Contudo, os números apontam que a situação é pior para quem já trabalha há mais anos: em primeiro lugar no endividamento estão os baby boomers, com idades entre 41 e 60 anos, com 35,1%.
A pouca diferença de porcentagem entre as faixas etárias acende um alerta. Para o CEO da iCred, Túlio Matos, a inadimplência e o nome negativado de grande parte da população economicamente ativa impactam a economia como um todo.
“O endividamento afeta principalmente o setor de comércio e serviços, que percebe uma redução nas vendas e contratações, e consequentemente, acaba promovendo cortes. Dentro de pouco tempo, a geração Z vai representar a metade do mercado de trabalho, então é um efeito em cadeia que reduz o crescimento do país”.
O especialista explica que o padrão de consumo destes grupos etários possuem diferentes nuances. Enquanto os baby boomers compraram mais bens duráveis e fizeram poupanças, a geração Z caminha em sentido contrário.
Segundo a pesquisa Melhores hábitos financeiros, feita pelo Bank of America, 57% da geração Z não está preparada para viver nem três meses sem salário.
Para ele, o problema pode piorar porque existem outros fatores que contribuem para este cenário, como a falta de educação financeira entre os mais jovens. Em alguns casos, o empréstimo pode ser uma saída; seis de cada dez pessoas pretendem solicitar crédito extra em agosto e setembro, segundo a pesquisa Mapa Serasa Crédito.
Mas Túlio alerta que os empréstimos só devem ser considerados se observados alguns requisitos.
“O crédito deve ter um papel de colaborar na solução do endividamento, para a pessoa se organizar financeiramente e planejar melhor o futuro”.
Confira, a seguir, algumas dicas para colocar as finanças em dia:
Organize seus gastos
Para iniciar o planejamento financeiro, tenha o controle de todos os seus gastos fixos e eventuais. Comece a anotar em uma planilha para onde vai o seu orçamento, e liste até mesmo gastos não programados, como uma ida ao dentista, a compra de um remédio ou uma visita do pet ao veterinário.
Analise sua renda e alinhe os números
Após o primeiro passo, avalie se sua renda é compatível com as despesas. Caso não seja, será necessário rever quais gastos são realmente necessários e quais podem ser cortados. Lembrando que despesas básicas também podem ser revistas, como economizar nas contas de água e luz, optar por produtos mais baratos no mercado ou, ainda, deixar de comprar itens desnecessários, como os famosos deliveries.
Considere as emergências
Todos sabemos que emergências acontecem: um cano quebrado, uma doença ou qualquer outro imprevisto. Para esses casos, o ideal é sempre ter uma reserva de emergência, ou optar por um empréstimo consignado dentro da sua possibilidade de pagamento. Analise as alternativas com calma e uma calculadora na mão.
Pense no futuro
Para compras grandes, de bens duráveis ou de longo prazo, é necessário se preparar. Vale poupar o que for possível. A recomendação é poupar 20% da renda, mas se este valor for muito alto para você, comece com o que pode. E seja constante, ainda que com valores pequenos.