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Inclusão: entre a promessa e a realidade

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Foto: divulgação.

Por Karla Suarez, cofundadora do ColetivA DELAS.

A diversidade tornou-se, comprovadamente, essencial para o sucesso e a sustentabilidade dos negócios. Organizações que não se dedicam a obter essa perspectiva podem ficar para trás, já que pesquisas ao redor do mundo têm demonstrado que investir nestes aspectos traz frutos em forma de inovação, desempenho financeiro, tomada de decisão, engajamento, imagem e, claro, reputação.

Os benefícios são inegáveis e abrangem diversas áreas do mundo corporativo. Estudos realizados por instituições renomadas, como a Harvard Business Review e a McKinsey & Company, destacam que equipes diversas têm mais chances de conquistar novos mercados, superar a concorrência em rentabilidade, tomar decisões melhores, reter talentos e impactar positivamente o cliente. A inclusão de diferentes perspectivas também é fundamental para a criação de soluções, o que pode ser decisivo em uma indústria competitiva e dinâmica.

Mesmo com evidências tão claras é possível notar que, depois de um “boom” relacionado a essas práticas, que até então eram centrais nas estratégias de cultura organizacional, algumas empresas têm reduzido suas respectivas participações. Nos Estados Unidos, um estudo realizado pela Even revelou que as ofertas de emprego ligadas à Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) diminuíram 44% em 2023 em comparação com o ano anterior.

No Brasil, a situação não é muito diferente. A pesquisa da to.gather, startup focada em inclusão, afirmou que 58% das empresas avaliam ter avançado pouco ou pouquíssimo no tema nos últimos dois anos. Apenas 9,7% das participantes consideram que houve um ótimo avanço neste setor. Além disso, a representatividade nos cargos de liderança ainda é inegavelmente baixa.

Entretanto, mudanças governamentais sutis apontam para movimentações importantes no cenário brasileiro, já que, em 2022, foi colocada em vigor a lei responsável por criar o programa Emprega + Mulheres. O projeto busca impulsionar a inserção de mulheres no mercado de trabalho por meio da aprendizagem e apoio aos cuidados de filhos pequenos. A medida representa um importante sinal de avanço em direção a um mercado mais inclusivo. Além disso, a legislação vem em conjunto com outras medidas que podem traduzir um olhar otimista para o mercado, por exemplo, a sanção em julho de 2023 da Lei 14.611, a qual estabelece normas para promover a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres.

Não podemos recuar. Seguir o caminho contrário a essas iniciativas acarreta em perdas éticas e econômicas. Ao impedir especialistas capacitados de conquistarem suas respectivas posições, a nação está, de forma inconsciente, se direcionando para uma volatilidade financeira que é muito menor do que deveria ser. As consequências são negativas de forma “geral” e impactam até executivos que se recusam a assumir que possuem esse tipo de responsabilidade.

Promover a diversidade não significa apenas implementar programas de recrutamento e desenvolvimento de talentos focados em grupos sub-representados, mas também, a criação de políticas de equidade salarial, a promoção de uma cultura organizacional inclusiva, e a capacitação de líderes e colaboradores, bem como o investimento em projetos de impacto social que abordem essas questões. A demissão de profissionais DEI em grandes empresas, como Amazon.com, Meta Platforms, Twitter e Redfin, evidencia a fragilidade das estruturas de apoio a esses grupos e o risco de retrocessos significativos nessa área. Por esses e outros motivos o apelo é urgente.

A atenção às pessoas é uma necessidade crucial para empresas que desejam prosperar em um mundo globalizado. Esse aspecto – quando realmente considerado – impacta em fatores econômicos e pode ser decisivo para o sucesso de uma corporação. Diversidade é sinônimo de expandir.

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