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Lugar da mulher é onde ela decidir, inclusive como CEO

Foto: OleksandrPidvalnyi/Pixabay

Por Sumaia Saheli, CEO e Conselheira da Ourolux.

As mulheres vêm ocupando espaços cada vez mais relevantes no mercado de trabalho, e a liderança feminina tem se destacado como um movimento que traz benefícios para as empresas e para a sociedade. Apesar dos desafios e desigualdades ainda presentes, em posição de gestão, elas são essenciais para promover a diversidade e a inovação no ambiente corporativo. Uma pesquisa recente da McKinsey & Company revelou que companhias com maior diversidade de gênero são 21% mais lucrativas, mostrando que a presença delas nas organizações é um caminho para o sucesso.

Elas trazem perspectivas únicas e têm mostrado capacidade de enfrentar obstáculos com habilidades que muitas vezes são subestimadas. Elas tendem a adotar abordagens colaborativas, empáticas e inclusivas, características essenciais em ambientes organizacionais dinâmicos e que buscam inovação. Uma pesquisa da Harvard Business Review revelou que, em cargos gerenciais, elas pontuaram mais do que os homens em 12 das 16 principais competências de liderança, incluindo colaboração, resiliência, iniciativa e pensamento inovador. Essas habilidades não apenas ajudam a criar um ambiente mais harmonioso, como também impulsionam o desempenho e a competitividade da empresa no mercado.

Principais desafios

Embora as discussões sobre diversidade de gênero estejam ganhando espaço, ainda há um longo caminho a percorrer quando se trata de equidade nas empresas. Em muitos setores, a representatividade em cargos de chefia é baixa, e a diferença salarial é uma realidade gritante. De acordo com uma pesquisa realizada pela Catho, em 2021, as gestoras ganham em média 34% menos do que os homens. Esse cenário revela a necessidade de políticas internas que promovam a igualdade de oportunidades e salários, além de ações que incentivem a presença delas em todos os níveis hierárquicos.

Conciliação de carreira e vida familiar: um desafio exclusivo para elas?

Muitas enfrentam a pressão de equilibrar a vida profissional com a vida familiar. A cultura de trabalho e a divisão desigual das responsabilidades domésticas representam barreiras significativas para as profissionais que desejam alcançar posições de chefia. Segundo dados do IBGE, as brasileiras dedicam 10,4 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos e cuidados com outras pessoas.

No entanto, essa realidade está começando a mudar. Com a adoção de políticas de trabalho mais flexíveis e a gradual mudança cultural em relação ao papel dos homens na divisão das tarefas domésticas, é possível que cada vez mais mulheres sintam-se encorajadas a buscar e manter posições de destaque em sua carreira. Organizações que oferecem programas de apoio à maternidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional também desempenham um papel fundamental nesse processo.

Iniciativas de empoderamento e desenvolvimento feminino

Uma das maneiras mais eficazes de incentivar a liderança feminina é por meio de iniciativas que promovam o empoderamento e o desenvolvimento de habilidades. Programas de mentoria, redes de apoio e grupos de afinidade são estratégias que ajudam as profissionais a se conectarem, trocarem experiências e se fortalecerem para os desafios que enfrentam no mundo corporativo. Além disso, empresas que investem em treinamentos para suas colaboradoras, como cursos de negociação e gestão, demonstram seu compromisso com a equidade de gênero e oferecem ferramentas para que as funcionárias possam crescer e se destacar em sua carreira.

Cenário brasileiro e os avanços na busca por igualdade

O cenário brasileiro tem apresentado avanços, mas ainda há muito a ser feito. Segundo a pesquisa Women in Business 2022, da Grant Thornton, 38% dos cargos de chefia, no Brasil, são ocupados por gestoras. Apesar de o número representar um aumento em relação aos anos anteriores — em 2019, por exemplo, a presença era de apenas 25% — o país enfrenta desafios em comparação com outras nações em desenvolvimento, como a África do Sul (42%) e as Filipinas (39%). O governo brasileiro e a sociedade civil têm buscado mecanismos para enfrentar essas desigualdades. A Lei da Igualdade Salarial (nº 14.611/2023), que completou um ano, é um ótimo exemplo. Além do mais, a conscientização sobre o papel da mulher no trabalho tem crescido, o que indica um caminho promissor para a mudança.

Ao promover a igualdade de gênero, as organizações ganham em inovação, criatividade e desempenho, abrindo espaço para que mulheres contribuam com suas habilidades e perspectivas únicas. Para que essa mudança seja efetiva e duradoura, é essencial que companhias, governo e sociedade se unam na construção de um ambiente que valorize e incentive a presença feminina em todos os níveis hierárquicos. Afinal, o lugar da mulher é onde ela quiser, e isso inclui, sem dúvida, a posição de CEO.

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