Nos últimos anos, especialmente entre 2022 e 2024, o mercado global de startups tem enfrentado uma retração significativa no fluxo de investimentos. Fatores como guerras, falta de liquidez e a alta inflação impactaram o ecossistema como um todo, dificultando o acesso a capital, independentemente do gênero dos fundadores. No entanto, para as startups lideradas por mulheres, os desafios vão além do cenário econômico e envolvem barreiras culturais e sociais.
Quando mulheres empreendedoras se encontram diante de potenciais investidores, que, na maioria das vezes, são homens de gerações diferentes, enfrentam preconceitos enraizados. Questionamentos sobre estado civil, maternidade e responsabilidades familiares são comuns. Esses vieses podem resultar em avaliações injustas, criando uma situação de desvantagem já no início, bloqueando oportunidades para startups femininas, que muitas vezes possuem grande potencial, mas não conseguem acessar o financiamento necessário para crescer.
Oportunidades e intencionalidade
Apesar das dificuldades, o cenário está mudando lentamente. Hoje, há mais iniciativas focadas no fomento do empreendedorismo feminino e no acesso a capital, que vão de investimentos anjo, onde pessoas físicas apoiam diretamente os negócios, até fundos criados exclusivamente para nichos específicos. Isso mostra que as opções de financiamento para startups lideradas por mulheres estão se expandindo.
Diante disso, a chave para superar o gap de investimento está na intencionalidade. É essencial que os investidores busquem iniciativas voltadas para determinados grupos. Além disso, empreendedoras precisam entender claramente o diferencial de seus negócios e buscar as fontes de financiamento que se alinham com o tipo de inovação que oferecem ao mercado.
Além da Mubius WomenTech Ventures, organizações de mulheres investidoras têm dado passos importantes nessa direção, lançando fundos voltados exclusivamente para startups femininas. Recentemente, por exemplo, a Sororitê anunciou um fundo de R$ 25 milhões para investir em negócios liderados por mulheres, o que representa um avanço significativo. No entanto, é fundamental que essas iniciativas sejam ampliadas e se tornem naturais na cultura empresarial.
Igualdade no empreendedorismo
Embora as mulheres estejam cada vez mais se movimentando em direção ao empreendedorismo, ainda são necessários aliança e apoio dos homens. Para alcançar o equilíbrio, é fundamental que homens em posições de liderança estejam atentos e engajados em ações que promovam a igualdade de gênero. Somente com essa parceria será possível alcançar níveis de maturidade de negócios que, historicamente, foram atingidos por homens, mas que ainda estão fora do alcance de muitas mulheres.
Políticas públicas
Além das iniciativas privadas, políticas públicas desempenham um papel fundamental na promoção de investimentos mais inclusivos. O governo tem a responsabilidade de criar o ambiente favorável ao empreendedorismo, por meio de incentivos fiscais, regulamentações mais flexíveis e programas de apoio que incentivem o surgimento de novas startups. Com uma abordagem equilibrada entre o setor público e privado, será possível transformar o ecossistema de startups e garantir que mulheres tenham mais oportunidades para alcançar o sucesso.
Por fim, superar o gap de investimentos em startups femininas requer um esforço que envolve mudança de mentalidade, criação de políticas de fomento, além de um compromisso com a diversidade e a inclusão. Só assim veremos mais mulheres atingindo níveis altos de sucesso e que permitam construir negócios que impactem positivamente a economia e a sociedade.