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Dados de varejo: como usar a IA de forma segura no monitoramento de clientes

Foto: divulgação.

Por Claudio Junior, mestre em pesquisa operacional, CEO e fundador da Riverdata.

Nos últimos anos, a transformação digital no varejo tem sido significativamente acelerada pela adoção da inteligência artificial (IA), especialmente em áreas de análise do comportamento dos consumidores. O potencial dessa tecnologia é claro: ao procurar insights detalhados sobre o fluxo e as preferências da população, a IA otimiza as operações e melhora a experiência do usuário. Hoje em dia, já existem soluções que utilizam câmeras de monitoramento físicas, integradas à tecnologia, para conseguir essas informações em tempo real, analisando o público que frequenta as lojas e o que mais o retém na hora das compras.

Porém, o poder de manipular dados valiosos também acompanha a responsabilidade de garantir que essa ferramenta seja aplicada de forma ética e segura, respeitando a privacidade e o consentimento dos clientes. No caso do varejo, a IA pode potencializar resultados, mas só se utilizada de forma transparente.

O valor dos dados e a responsabilidade de protegê-los

Os dados são, sem dúvida, um ativo essencial no mercado atual. Em um mundo onde o valor da informação pode superar o de ativos físicos, as empresas do varejo se encontram em uma posição única para colher os benefícios da inteligência artificial e do Big Data. No entanto, essa oportunidade precisa ser acompanhada de uma abordagem responsável, pois toda a proteção dos consumidores é respaldada por regulamentações no Brasil.

A Lei 13.709/2018, que discorre sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), estabelece diretrizes claras sobre como as marcas devem tratar as informações pessoais no país, reforçando que a coleta de conteúdo precisa de um objetivo explícito e do consentimento do titular. Isso significa que as marcas devem ser claras sobre quais indicadores estão sendo coletados, para que são usados e como isso beneficia ou impacta o consumidor final. No contexto do varejo e IA, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), criada pela LGPD, também exige o anonimato ou a pseudonimização dos dados de clientes sempre que possível.

Na prática, em tecnologias como a visão computacional, que analisa comportamentos, tempo de permanência na loja e fluxo de caixa em unidades físicas, é fundamental criar protocolos de segurança para que a organização recolha as informações necessárias para tomar decisões, mas sem captar registros identificáveis.

A cibersegurança é outro aspecto crítico, pois a implementação de IA deve ser acompanhada por medidas rigorosas, como criptografia de dados, controles de acesso e monitoramento constante, para evitar qualquer entrada não autorizada e prevenir vazamentos de conteúdo sensível. A McKinsey, na pesquisa “The state of AI in early 2024”, revela que 72% das corporações do mundo já implementaram IA nas operações, mas ainda enfrentam desafios significativos de compliance. Isso representa um alerta: se a IA não for inserida com foco na proteção, pode representar mais um risco do que um benefício.

LGPD: mais privacidade, menos prejuízos

Quando as empresas transmitem clareza aos clientes, a confiança na marca cresce. Além do valor ético, essa conduta também pode ser estratégica para que todos os indivíduos respondam melhor às iniciativas das instituições – uma relação de valor inestimável para diferenciar-se no mercado competitivo.

Portanto, seja uma solução do ambiente digital ou do físico, uma medida que pode ser implementada para auxiliar as marcas com práticas de anonimização de dados é o framework de segurança e privacidade. Os frameworks, que operam em conformidade com a LGPD, funcionam como estruturas que combinam metodologias e políticas para coletar e processar conteúdo sem identificar características pessoais. Com práticas como anonimização e criptografia, eles permitem obter insights sobre fluxos de e preferências do público, construindo um ambiente sólido e mantendo a confidencialidade em primeiro lugar.

Aplicada de forma ética, a IA possibilita uma personalização precisa e operações eficientes, enquanto assegura a proteção dos direitos do consumidor. Com frameworks bem implementados e alinhados às práticas de governança, o varejo consegue ir além de ganhos operacionais, consolidando-se como um setor que valoriza a sustentabilidade e, principalmente, uma relação saudável com os clientes.

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