Por Marian Canteiro, CEO e co-Founder do Banco Útil.
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem se estabelecido como uma ferramenta fundamental para as empresas de tecnologia financeira, as fintechs. A capacidade de analisar grandes volumes de dados em tempo real e fornecer insights valiosos tem revolucionado a forma como essas empresas operam, permitindo a criação de produtos e serviços mais eficientes e personalizados para os clientes.
As fintechs têm se destacado no mercado financeiro por sua capacidade de inovar e oferecer soluções ágeis e personalizadas. No entanto, a eficiência e a qualidade dessas soluções dependem, em grande parte, da capacidade de analisar e interpretar corretamente os dados financeiros. É aí que a inteligência artificial desempenha um papel fundamental. Ao utilizar algoritmos avançados e técnicas de machine learning, ela pode analisar grandes conjuntos de dados em tempo real, identificar padrões e tendências, e fornecer insights valiosos para embasar a tomada de decisões.
Na prática, isso significa que as fintechs podem utilizar a IA para aprimorar uma série de processos e serviços, desde a análise de crédito e a detecção de fraudes até a personalização de ofertas e a automação de tarefas operacionais. Utilizamos a inteligência artificial para aprimorar a experiência dos clientes em diversos aspectos. Ao analisar o histórico de transações e o comportamento financeiro de cada cliente, podemos oferecer recomendações personalizadas de produtos e serviços, como investimentos, seguros ou linhas de crédito, que atendam às suas necessidades e objetivos.
A IA também é uma aliada poderosa na prevenção e detecção de fraudes. Ao analisar em tempo real cada transação realizada na plataforma, a tecnologia é capaz de identificar padrões suspeitos e acionar alertas para que equipes de segurança possam investigar a situação e, se necessário, tomar medidas para proteger o cliente. Isso não apenas garante a segurança das operações realizadas, mas também contribui para a construção de um ambiente de confiança e transparência com os nossos usuários.
Apesar dos inúmeros benefícios que a inteligência artificial oferece, seu uso no setor de fintechs também levanta questões importantes relacionadas à privacidade e à segurança dos dados. É fundamental garantir que as informações dos clientes sejam protegidas e utilizadas de forma ética e responsável, em conformidade com as leis e regulamentações vigentes, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) na União Europeia.
Além disso, a implementação da IA nas fintechs também requer investimentos significativos em infraestrutura, talentos e capacitação, afinal, é necessário contar com profissionais qualificados e especializados em ciência de dados, machine learning e segurança da informação, que possam desenvolver e aprimorar os algoritmos, garantir a integridade e a qualidade dos dados, e mitigar eventuais vieses ou preconceitos algorítmicos que possam surgir durante o processo de análise.
Apesar dos desafios, a inteligência artificial oferece um potencial significativo para impulsionar a inovação e a eficiência no setor. À medida que a tecnologia avança e novos objetivos são alcançados, podemos esperar o surgimento de soluções ainda mais sofisticadas e personalizadas, que atendam às necessidades e demandas de um mercado em constante evolução.
O papel das fintechs na democratização do acesso aos serviços financeiros
Além de impulsionar a inovação e a eficiência, as fintechs desempenham um papel importante na democratização do acesso aos serviços financeiros. Ao oferecer soluções ágeis, acessíveis e personalizadas, essas empresas têm o potencial de incluir milhões de pessoas que estão à margem do sistema financeiro tradicional, permitindo que elas realizem transações, poupem, invistam e tenham acesso a crédito de forma segura e transparente.
No entanto, para que essa inclusão financeira seja efetiva, devemos garantir que as soluções oferecidas pelas fintechs sejam acessíveis e compreensíveis para todos os públicos, independentemente do nível de educação financeira ou do acesso à tecnologia. E isso requer um esforço conjunto do setor privado, do governo e da sociedade civil para promover a alfabetização financeira, expandir a infraestrutura de conectividade e reduzir as desigualdades sociais e econômicas que limitam o acesso aos serviços financeiros.
É preciso comprometimento para contribuir para a inclusão financeira no Brasil, oferecendo produtos e serviços que atendam às necessidades de todos os públicos, desde os clientes mais experientes e exigentes até aqueles que estão dando os primeiros passos no mundo das finanças. E a IA desempenha um papel de destaque nesse processo, permitindo-nos compreender as necessidades e os desafios de cada cliente, e desenvolver soluções que promovam a inclusão, a transparência e a confiança.