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Inovação, liderança e propósito: o futuro do empreendedorismo

Tatiana Pimenta Vittude
Foto: Juliana Frug

Por Tatiana Pimenta, CEO da Vittude.

O Web Summit Lisboa 2024 foi um convite à reflexão sobre os caminhos da inovação, o papel da tecnologia na sociedade e os desafios de liderar com propósito e eficiência. Participar deste evento, cercado de líderes, empreendedores e visionários, foi uma experiência transformadora que me trouxe reflexões profundas sobre temas cruciais para o futuro das empresas, do trabalho e da sociedade. Divido aqui meus insights baseados em painéis e palestras que tive acesso durante todo o evento.

1 – O futuro dos investimentos: Sustentabilidade, diversidade e escalabilidade

Ficou evidente que o mercado está mudando, e investidores como Caitlin Holloway e Rashmi Gopinath destacaram a importância de apostar em soluções escaláveis e sustentáveis. A frase “o time que você contrata é a empresa que você constrói” ficou gravada em minha mente, ressaltando o impacto do capital humano no sucesso de qualquer negócio.

Esse painel também abordou como os investidores estão repensando seus critérios para apoiar empresas. Holloway, da 776 Ventures, destacou a importância de apostar em companhias que representem mudanças culturais, como esportes e inovação climática, setores que estão profundamente conectados à sociedade. De acordo com ela, negócios sustentáveis não apenas geram impacto social, mas também oferecem retornos robustos.

A discussão também trouxe à tona o papel da diversidade nos investimentos. Gopinath, da BAM Port and Point, destacou como startups lideradas por fundadores diversos tendem a ter maior resiliência e criatividade.

2 – A Era da IA: Oportunidades, desafios e limites éticos

A inteligência artificial dominou as discussões no Web Summit novamente, mas este painel trouxe uma abordagem singular. Os participantes destacaram os avanços impressionantes na capacidade dos modelos de IA, como a redução de mil vezes nos custos de operação em apenas três anos. Apesar disso, também alertaram para os desafios éticos, como a concentração de poder em poucas empresas e o uso irresponsável da tecnologia.

Sonu Goyal, da Coastal Ventures, destacou que o verdadeiro impacto da IA não está apenas em sua capacidade de automatizar tarefas, mas na forma como pode redefinir a produtividade humana. Ele falou sobre a criação de assistentes pessoais que otimizam tanto a vida profissional quanto a pessoal, o que promete revolucionar a forma como interagimos com a tecnologia.

De acordo com o que foi discutido, para evitar que a inovação ultrapasse os limites éticos, é necessário transparência, regulação e a priorização do impacto social.

3 – Empreendedorismo feminino: Construindo espaços e rompendo barreiras

Não podia deixar de destacar esse painel, que foi especialmente emocionante. Nele, CEOs mulheres compartilharam suas jornadas, destacando os desafios enfrentados em um ambiente corporativo predominantemente masculino. Uma frase que ecoou para mim foi: “O apoio mútuo entre mulheres não é apenas uma escolha, mas uma estratégia de sobrevivência.

As painelistas enfatizaram a importância de redes de apoio, tanto formais quanto informais, para que nós possamos crescer e prosperar. Exemplos de mentoria e colaboração entre colegas mostraram que a união faz diferença em momentos cruciais, seja para superar preconceitos, seja para escalar negócios.

Além disso, o painel trouxe reflexões sobre como construir ambientes inclusivos. Elas reforçaram a necessidade de iniciativas estruturais, como políticas de diversidade, e culturais, como a valorização de perspectivas femininas em todas as etapas da tomada de decisão.

4 – Saúde mental e alta performance: Como equilibrar a liderança com bem-estar

Esse painel trouxe uma abordagem rica sobre como a alta performance está diretamente relacionada ao cuidado com a saúde mental. Atletas e líderes compartilharam suas experiências, mostrando que o equilíbrio emocional é tão crucial quanto o preparo técnico, tanto no esporte quanto no mercado de trabalho.

A prática esportiva foi apontada como uma ferramenta para promover a saúde mental. Uma das painelistas mencionou como meditação, controle da respiração e hobbies ajudam a manter o foco e reduzir o estresse pré-competição. No contexto corporativo, isso se traduz em práticas, como pausas intencionais durante o expediente, momentos de desconexão digital e a adoção de rotinas que favoreçam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Outro ponto relevante foi o uso de dados no esporte e como isso influencia o desempenho. Atletas monitoram aspectos como sono, nutrição e recuperação física para ajustar seus treinos e alcançar melhores resultados. Essa lógica pode ser aplicada ao mercado de trabalho com ferramentas de analytics que avaliem não apenas a produtividade, mas também o bem-estar dos colaboradores, ajudando líderes a tomar decisões baseadas em evidências para construir equipes mais resilientes.

Um destaque foi a reflexão sobre como ambientes de apoio são cruciais para lidar com a pressão. Uma atleta contou sobre o impacto de trabalhar com um psicólogo esportivo, afirmando: “Você não precisa estar em crise para buscar ajuda. É sobre prevenir, crescer e estar preparado para lidar com os desafios.” No ambiente de trabalho, isso reforça a importância de programas estruturados de saúde mental e espaços seguros para que os colaboradores se sintam à vontade para compartilhar suas dificuldades.

Conexão com o Brasil

Além dos conteúdos inspiradores, foi emocionante ver a força da delegação brasileira no evento. A Apex Brasil desempenhou um papel essencial ao levar 400 startups ao Web Summit, reforçando o potencial do Brasil no cenário global.

A participação massiva e estrategicamente planejada das startups brasileiras não foi apenas sobre números, mas sobre propósito.

Companhias como Sebrae, Cufa e Rede Mulher Empreendedora (RME), fizeram uma curadoria que reflete a grandiosidade e a pluralidade de nossa nação.

Mulheres founders, empreendedores de regiões historicamente sub-representadas como o Norte e Nordeste, e startups nascidas nas favelas brasileiras compuseram uma delegação que mostrou ao mundo que o Brasil é muito mais do que os estereótipos que nos são atribuídos.

Esse espírito foi evidenciado no Web Summit, onde as startups brasileiras mostraram soluções disruptivas para problemas locais e globais, provando que o Brasil é um verdadeiro celeiro de talentos e ideias.

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