Por Matias Gil Salazar, head de finanças da Clara.
De acordo com o relatório Focus do Banco Central divulgado no dia 25 de novembro, a expectativa para a taxa básica de juros ao final de 2025 é de 12,25%. Com a previsão de juros mais altos para controle da inflação, repensar a gestão do caixa se torna tarefa obrigatória para os times financeiros.
Em um cenário em que o dinheiro fica mais caro, é importante equilibrar decisões: enquanto os juros elevados podem pressionar o caixa, também representam uma oportunidade para maximizar os retornos de investimentos atrelados à Selic.
Este é o momento para que os profissionais da área fiquem atentos a estratégias que otimizem fluxos de caixa e potencializem resultados. Confira abaixo algumas dicas:
Mais prazo para pagar, menos tempo para receber
Um dos grandes desafios do tesoureiro é estender os prazos de pagamento ao mesmo tempo em que acelera os recebimentos. Embora essa seja uma preocupação constante, ela ganha ainda mais relevância quando juros altos favorecem rendimentos sobre o dinheiro em caixa.
Empresas como agências de viagem corporativa, por exemplo, frequentemente precisam pagar à vista por passagens e hotéis, mas só recebem de seus clientes após 30 dias. Nesse caso, o uso de cartões de crédito corporativos pode ser uma solução estratégica: dependendo da data da compra, é possível obter até 37 dias para realizar o pagamento, reduzindo a pressão sobre o fluxo de caixa.
Uma lógica parecida se aplica a equipes de marketing ou agências de publicidade: ao negociarem investimentos em mídia digital, podem optar por pagar por cartão conforme o uso. Com isso, é possível maximizar prazos e manter a quantia em caixa gerando rendimentos ao invés de se descapitalizar com um pagamento por fatura anual.
Reavaliar o desconto à vista
Outro ponto importante é analisar se o pagamento à vista, para obter desconto, realmente vale a pena. Em um contexto de Selic alta, o dinheiro em caixa pode gerar retornos significativos, muitas vezes superiores ao desconto oferecido. Nesses casos, o parcelamento em um cartão de crédito corporativo pode ser uma alternativa mais vantajosa, mantendo a liquidez por mais tempo. Compras de material de escritório e aparelhos eletrônicos para o time são alguns dos exemplos de gastos que costumam poder ser divididos em parcelas sem juros.
O equilíbrio no gerenciamento de inventários
Empresas que lidam com grandes volumes de estoque enfrentam o desafio constante de ajustar a quantidade armazenada à demanda prevista. Um inventário excessivo pode imobilizar recursos financeiros essenciais neste momento, enquanto estoques insuficientes resultam em perda de vendas e impacto negativo na experiência do cliente.
Ferramentas de análise preditiva e sistemas de gerenciamento automatizados ajudam a identificar padrões de consumo e sazonalidades, permitindo decisões mais assertivas. Esse equilíbrio não apenas otimiza o fluxo de caixa, mas também reduz custos relacionados a armazenamento, transporte e obsolescência de produtos.
Escolha a conta certa para maximizar retornos
Na busca por rendimentos mais atrativos, é preciso considerar não apenas a taxa de retorno, mas também fatores como liquidez, custos de manutenção e tributação das contas disponíveis no mercado.
Por exemplo, contas que oferecem percentuais competitivos do CDI podem parecer vantajosas à primeira vista, mas é essencial confirmar se os valores são líquidos ou brutos, avaliando o impacto real na rentabilidade líquida. Uma análise cuidadosa desses aspectos, somada a um planejamento financeiro alinhado aos objetivos de curto e longo prazo, potencializa os retornos e assegura que o capital disponível esteja sempre trabalhando a favor da empresa.