Por Paulo Mendonça, gerente de relacionamento e parcerias da Wylinka.
Nos últimos anos, as Deep Techs vêm ganhando destaque como as mais promissoras. Para se ter uma ideia, de acordo com o último estudo Deep Tech: The New Wave, divulgado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), os investimentos nessas startups de base científica aumentaram em 44 vezes entre 2020 e 2022, com tendência de crescimento para os próximos anos.
Por apresentarem soluções inovadoras para os desafios globais, como na saúde, em prevenção e tratamento de doenças, além do desenvolvimento de vacinas, como foi no caso da pandemia de Covid-19; no agronegócio; na educação; na computação quântica; na prevenção de catástrofes; dentre outras infinitas possibilidades, as Deep Techs estão na mira dos investidores.
Porém, será que essa inovação está realmente contribuindo para a redução das desigualdades sociais ou as ampliando? O fato é que as Deep Techs são uma potência que podem revolucionar setores inteiros, desde a saúde até a educação, trazendo para perto acesso a produtos e serviços que antes eram inviáveis.
A telemedicina, por exemplo, pode levar cuidados médicos a regiões distantes, onde o acesso à saúde é escasso. Da mesma forma, no agronegócio há drones que monitoram plantações e realizam controle de pragas com mais eficiência.
É claro que essa revolução tecnológica não está isenta de desafios. O que deve ser considerado é o acesso a essas inovações. Em um mundo onde temos diversas desigualdades sociais, as comunidades menos favorecidas podem ficar para trás. Por isso, as Deep Techs devem ser desenvolvidas já com uma estratégia inclusiva, focadas nos pilares de ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança) e nos ODSs (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas), porque, caso contrário, podemos criar uma nova camada de exclusão, onde apenas aqueles que têm recursos e acessos a networking em grandes centros podem se beneficiar.
Hoje, felizmente, foram criadas iniciativas como a do Sebrae, por exemplo, que entre diversas ações promove o Start Deep Tech. Há também outras instituições que fomentam Deep Techs, tais como governos, organizações sem fins lucrativos e empresas do setor privado.
O que une estas organizações é o objetivo de transformar o conhecimento científico em soluções e negócios de impacto, fomentando o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil. Assim, cientistas de todo o país que querem empreender conseguem o suporte necessário.
Por isso, a meu ver, o caminho para transformar as Deep Techs em ferramentas de inclusão social começa desde a base na construção de um ecossistema colaborativo. É preciso haver mais investimentos em educação, capacitação e infraestrutura, principalmente em áreas mais vulneráveis.
Ademais, é essencial ter um investimento dos governos em políticas públicas que incentivem a diversidade no setor tecnológico e promovam a responsabilidade social nas empresas, além de haver um trabalho em conjunto com o setor privado e organizações sem fins lucrativos para o acesso a programas de aceleração e mentorias que impulsionam negócios que vão fazer a diferença no mundo.