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Afinal de contas, é possível coaching sério?

Foto: divulgação.

Por Bianca Aichinger, co-fundadora da Quantum Development.

Durante os últimos anos da minha carreira executiva me vi, cada vez mais, envolvida com o lado humano das cadeiras que ocupei, e me encantei com o potencial das pessoas de se desenvolverem. Naquele momento, bastante intrigada, não entendia nada sobre as modalidades de desenvolvimento humano disponíveis, mas tinha uma clareza cada vez maior de que as pessoas queriam e precisavam se desenvolver, e de que os líderes (os meus e os deles), na maioria dos casos,  tinham poucos recursos para apoiá-los neste processo.

Neste período, ouvi o termo coaching múltiplas vezes, mas geralmente cercado de uma conotação negativa, de algo que não era transparente ou sério. Até que, no início da pandemia, conheci aquela que hoje é minha sócia, a Susana Azevedo. Fiquei muito confusa quando esta pessoa, que me parecia tão séria, me disse que trabalhava com coaching. Como sou curiosa (e um pouco cara de pau), pedi que ela me explicasse como funcionava o coaching com que ela trabalhava. A pergunta que lhe fiz foi “afinal de contas, existe coaching sério?”.

Durante uma hora e meia de conversa ela me explicou tanto sua trajetória pessoal e profissional, quanto sobre alguns dos pilares deste mercado, que hoje não é regulamentado, o que abre espaço para muitos ruídos e desentendimentos. 

Neste nosso papo, entendi que:

  • Existe uma federação que regulamenta o segmento: a International Coaching Federation (ICF), fundada em 1995 nos Estados Unidos, é uma das principais organizações globais voltadas para o avanço da profissão de coaching, estabelecendo padrões éticos, certificações e suporte aos coaches profissionais. Está presente em mais de 140 países em todos os continentes e tem atualmente mais de 35.000 coaches profissionais associados. O capítulo Brasil da ICF existe há quase 15 anos, e conta com mais de 10 unidades (ou capítulos) estaduais ou regionais. A existência da ICF é de extrema relevância, pois esta Federação compõe um eixo magnético que atrai e direciona profissionais sérios. 
  • A ICF desenvolveu um sistema de credenciais que permite mensurar a senioridade e a maturidade de um coach. As credenciais da ICF incluem o ACC (Associate Certified Coach), que representa competência inicial em coaching profissional. O PCC (Professional Certified Coach) demonstra um nível avançado, com maior experiência e habilidades desenvolvidas. Já o MCC (Master Certified Coach) é o reconhecimento da excelência na profissão, evidenciando um domínio completo da prática. Essas certificações garantem que o coach possui experiência, formação adequada e segue padrões éticos rigorosos, assegurando a qualidade do serviço prestado.
  • A ICF define Coaching como uma parceria com os clientes em um processo instigante e criativo que os inspira a maximizar seu potencial pessoal e profissional. 
  • Existem formações e formações: você pode “se formar” coach em um curso de um final de semana, ou você pode investir tempo e dinheiro em formações sólidas e credenciadas pela ICF, que te permitirão de fato apoiar seus clientes de forma eficaz, íntegra e ética. A escolha pela seriedade é possível, só que às vezes não é clara para os profissionais desinformados.
  • Para ser um coach sério, você precisa se comprometer com seu desenvolvimento contínuo: contínuo aqui quer dizer para sempre. Para renovar sua certificação na ICF você precisa apresentar provas de que realizou cursos, formações e supervisão, com uma quantidade pré-determinada de horas. A ausência destas “provas” impede a renovação das credenciais.
  • Existem muitas pessoas sérias, realizando um trabalho de impacto, e a Susana era somente a primeira destas pessoas com quem teria a oportunidade de me relacionar.

Ao conhecê-la, ficou claro para mim que era possível trazer a seriedade com a qual conduzi minha educação e trabalho como executiva, para um novo capítulo da minha vida. Cheia de otimismo e esperança, me matriculei em um dos mais renomados (e sérios) cursos de coaching de presença internacional no segundo semestre de 2020. De lá pra cá, fiz formações em diversas metodologias de desenvolvimento individual, de equipes, e de cultura, li todos os principais autores que falam sobre estes temas e temas relacionados, e passei por algumas horas intensas de supervisão. Em paralelo ao processo contínuo de formação, orientei mais de 100 clientes, entre processos de coaching individual e em grupo.  

Quatro anos depois desta conversa tão marcante e esclarecedora, olho para trás e reconheço que, com o direcional correto, pude conduzir minha transição para minha segunda carreira seguindo os mesmos valores que guiaram minhas escolhas na carreira executiva. A seriedade, que não deve se confundir com a ausência de senso de humor, é uma qualidade que reflete comprometimento e profissionalismo, sem abrir mão da leveza e da empatia nas interações. Isso tudo segue e seguirá sendo a espinha dorsal do meu trabalho e da minha vida – agora em um outro formato, mas sempre presente!

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