Por Felipe Couto, CEO e fundador da Jodda.ia.
Poucas inovações na história da humanidade impactaram o mundo tão rapidamente quanto a inteligência artificial (IA). Quando o Google surgiu em 1998, a proposta de organizar o caos da internet e atuar como uma biblioteca virtual parecia quase mágica. Hoje, a IA generativa, com o ChatGPT, representa uma transformação ainda mais profunda: um salto da “busca e análise” para a “criação e interação”.
Em menos de um ano, milhões de pessoas passaram a incorporar a tecnologia na rotina para resolver problemas, automatizar tarefas e melhorar a experiência do cliente. Muito além de responder perguntas, essa nova era inaugura um capítulo em que máquinas não apenas entendem a linguagem humana, mas também moldam interações e decisões estratégicas.
O e-commerce talvez seja o setor que mais evidencia esse avanço. Plataformas como Mercado Livre e PicPay já colhem frutos dessa ferramenta: no primeiro caso, a implementação de IA nos atendimentos reduziu em 30% o tempo médio de resposta. Já o PicPay viu um aumento de 45% na satisfação dos usuários ao integrá-la ao aplicativo. Esses números mostram como a eficiência não precisa ser sinônimo de impessoalidade. Pelo contrário, quando bem aplicada, a inteligência artificial permite personalização em escala – um diferencial competitivo poderoso.
Como toda inovação disruptiva, a adoção do recurso também apresenta desafios. Muitas organizações ainda lutam com a qualidade dos dados, a demora na implementação das automações e a falta de profissionais qualificados, além da insegurança em relação à privacidade de informações.
Diversas questões éticas e profissionais continuam, de fato, a criar empecilhos no caminho da inteligência artificial. Mesmo assim, isso não anula os poderes mágicos dessa ferramenta no dia a dia do comércio online, já que oferece um novo nível de excelência no aspecto de atendimento ao consumidor.
Negócios que utilizam IA em processos internos relatam ganhos de produtividade até 40%, aponta a Accenture. Isso porque o recurso assume atividades repetitivas e previsíveis que sobrecarregam os humanos, além de analisar grandes volumes de dados em tempo real e transformar antigas suposições em decisões sustentadas por análises preditivas, insights e relatórios.
Pensando em finanças, um estudo da Gartner afirma que, quanto mais recursos tecnológicos forem adotados pelas empresas, mais elas poderão economizar com custos operacionais (pelo menos até 30%). E aí, fica a dúvida: entre a decisão de investir mais em uma solução otimizadora ou continuar com uma rotina operacional sobrecarregada e repetitiva, qual é o peso da balança? O custo pode ser alto no início, mas o preço de uma implementação nunca será mais alto do que o valor dos resultados.
Como o Google provou no passado, quem adota cedo a mudança muitas vezes lidera o mercado. E, assim como o surgimento da internet nos anos 1990, que remodelou a forma como o trabalho e a vida acontecem, a inteligência artificial está revolucionando o cenário empresarial. A diferença, agora, é que a velocidade da mudança é muito mais indispensável – até mesmo para os pequenos negócios.
A cada dia, o “se” a IA será adotada se torna “como”. E empresas que enxergam essa como uma oportunidade estarão destinadas a uma posição de destaque no mercado, enquanto as outras ficarão estagnadas em lugares já conhecidos, mas pouco eficazes.