Nos últimos anos, as equipes de produto e tecnologia encararam um cenário repleto de desafios, adaptações e evoluções.
Com a oscilação do valuation das empresas de tecnologia, decorrente do cenário macroeconômico, houve certa instabilidade para o segmento.
Ao mesmo tempo, com o boom de novas soluções, tornou-se necessário apresentar respostas ágeis e eficientes ao cliente final.
João Zanocelo, head de produto & marketing e cofundador da BossaBox, destaca que depois de um período de crise, a alta liderança enxerga a importância do setor, colocando-o como parte essencial na operação competitiva das companhias.
“A área de tecnologia sempre foi vista como aquele ‘departamento que apaga incêndios’. Atualmente, isso mudou completamente, esses profissionais saíram da figuração e agora estão no palco principal, sendo parte essencial de como as empresas operam e competem no mercado. Costumo dizer que para liderar nesse ecossistema desafiador exige, além das habilidades convencionais, a compreensão clara das mudanças que podem moldar o caminho da gestão do time de produto“, explica.
De acordo com o estudo recente Tech C-Level Brasil, que contou com a participação de 115 líderes de TI no país, esses profissionais não estão mais apenas resolvendo problemas técnicos, mas agora têm papel crucial nas decisões estratégicas das empresas.
A pesquisa revela que pouco mais de 30% desses profissionais já enxergam suas áreas como parceiras estratégicas, desempenhando papel fundamental na criação de oportunidades e ganhos de eficiência.
No entanto, o caminho para essa transformação ainda não está totalmente consolidado: apenas 12% dos entrevistados se consideram conselheiros confiáveis para a alta liderança, evidenciando que a plena integração entre TI e decisões estratégicas ainda está em momento de construção.
“Esses números refletem exatamente o momento de transição que grande parte das organizações está vivendo. Estamos saindo de modelo reativo para proativo e estratégico, o que implica uma transformação significativa nas expectativas em relação ao CIO e CTO. É importante entender que essa é uma necessidade real para a competitividade“, explica.
O mesmo estudo ainda revela uma lacuna significativa entre o planejamento e a execução da transformação digital nas empresas.
Embora 80% dos líderes de TI afirmem ter uma estratégia definida, apenas 16% relatam que a área está impulsionando os executivos a repensar seus modelos operacionais com uma visão digital.
“Isso indica que ainda há muito a ser explorado no alinhamento entre TI e as operações de negócios. A maturidade digital, portanto, exige mais do que a adoção de novas tecnologias; ela demanda uma mentalidade orientada por dados e inovação, com os CIOs e CTOs evoluindo de solucionadores de problemas para orquestradores estratégicos“, pontua.
A pesquisa também aborda o conceito de Augmented CTO, que destaca a importância de líderes que dominam dados, analytics e metodologias ágeis para transformar o setor em um motor de inovação, antecipando demandas e propondo soluções que impactam o sucesso do negócio. Isso porque os gestores da área ainda enfrentam a pressão de demonstrar resultados rápidos e concretos.
“A verdadeira vantagem competitiva será alcançada quando esse setor não apenas responder às demandas, mas antecipar oportunidades e integrar-se profundamente nas decisões estratégicas da empresa. Ainda há um longo percurso para que ela seja vista como fundamental para a transformação e não apenas como suporte. O diferencial para o futuro da transformação digital nessas companhias está na capacidade desses profissionais de transformar a tecnologia em uma parceira estratégica dos negócios, antecipando mudanças e impulsionando a organização por meio de dados e inovação“, conclui.