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Planejamento financeiro do condomínio como sustentabilidade econômica a longo prazo

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Foto: wutzkoh/AdobeStock

A gestão financeira de um condomínio é, em vários aspectos, tão complexa e responsável quanto a administração de uma empresa. Em 2025, com a crescente inadimplência, que atingiu 13,75% no ano passado (taxa que ficou em 10,34% em 2023 e 9,41% em 2022) e os desafios econômicos enfrentados pelas famílias brasileiras, os síndicos e administradoras precisam estar preparados para lidar com orçamentos apertados, imprevistos e demandas por maior transparência. Neste cenário, o planejamento financeiro se destaca como ferramenta indispensável para garantir que as contas estejam em dia e a convivência no condomínio, harmônica.

Tudo começa com a previsão orçamentária, que precisa considerar gastos recorrentes – como folha de pagamento e suas provisões, água, gás e energia elétrica – e também ajustes inflacionários e potenciais inadimplências. Sem uma previsão orçamentária bem estruturada e um planejamento de fundo de reservas coeso com a realidade do condomínio, as despesas podem facilmente ultrapassar as receitas, comprometendo a capacidade de pagamento e a realização de melhorias necessárias no condomínio. A função da previsão orçamentária é projetar cenários realistas. Sua aprovação em Assembleia Geral Ordinária é um momento crucial para alinhar expectativas e reforçar o comprometimento dos moradores.

Garantir que os moradores cumpram com os pagamentos, por outro lado, exige um plano de ações de cobrança bem estruturado, que se inicia já nos pagamentos corriqueiros, notificando os condôminos sempre que as taxas estiverem disponíveis para pagamento. Para as contas atrasadas, vale uma nova notificação antes da tentativa de acordo, afinal, com tantos afazeres é possível esquecer de fazer algum pagamento ou mesmo confundir datas. Se o acordo for necessário, deve ser justo para ambas as partes, seguir o Regimento Interno e ficar bastante claro para o morador inadimplente afim de evitar conflitos e desconfianças.

Tendo a previsão orçamentária e o plano de cobranças estabelecidos, é hora de pensar na gestão do fundo de reserva, importantíssimo para  cobrir custos inesperados, como reparos emergenciais ou investimentos em infraestrutura. O fundo de reserva deve ser do conhecimento e estar disponível para a consulta de todos os condôminos. Saber onde nosso dinheiro está sendo colocado é essencial para a tranquilidade e a confiança em quem está fazendo a gestão. Por isso, as informações financeiras do condomínio devem ser totalmente transparentes.

Como tornar tudo isso mais fácil? A era dos livros-caixa e dos documentos impressos está com os dias contados nesse quesito. No lugar da papelada e da contabilidade manual podemos colocar ferramentas digitais que entregam velocidade e mais acuracidade na gestão financeira do condomínio. Hoje, softwares de gestão condominial oferecem funcionalidades que vão desde a emissão automatizada de boletos até a geração de relatórios financeiros completos em tempo real, além de oferecer todas as funcionalidades de comunicação combinadas às financeiras: notificações automáticas, chat com o síndico e outros moradores, acesso rápido a documentos e contratos do condomínio e muito mais.

Para quem, por hábito, está relutante às novas tecnologias, garanto que a digitalização da gestão condominial não é uma simples troca de sistema, ela realmente traz uma maior eficiência operacional, economizando tempo e evitando erros manuais. Apresento um exemplo simples: quando um morador realiza a reserva de um espaço comum do condomínio com uma taxa associada, o sistema digital pode lançar automaticamente esse valor no próximo boleto condominial do morador e o valor da reserva é imediatamente lançado no relatório financeiro da plataforma, ao invés do síndico precisar fazer uma cobrança à parte e lançá-la em uma planilha financeira, o que por muitas vezes pode cair no esquecimento quando feito de modo amador.

Esse planejamento financeiro, feito agora, abre caminhos para a sustentabilidade econômica a longo prazo, que leva um condomínio a estar sempre em boas condições de moradia. Com as receitas e despesas equilibradas, ainda torna-se possível explorar novas fontes de renda, como investimentos. A aplicação de parte dos recursos do fundo de reserva em opções mais seguras, por exemplo, pode fazer o dinheiro render sem arriscar o valor que já foi investido pelos moradores. Outra opção é a locação de espaços comuns ou espaços comerciais ligados ao condomínio. Em resumo, estar tranquilo quanto à gestão financeira nos permite enxergar as oportunidades no horizonte e desfrutar daquilo que não tem preço: a paz.

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Sócio-cofundador da uCondo, empreendedor, investidor, mentor e autor do bestseller “Eu Empreendedor”

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