Por Juliana Felippe, CRO da Transfero.
A tokenização de pagamentos, que converte dados sensíveis em tokens digitais para maior segurança, surge como uma oportunidade diante do crescente interesse por criptoativos. Para se ter uma ideia, uma pesquisa da Visa mostrou que nove em cada dez brasileiros conhecem criptomoedas, mas apenas um terço usam para transações comerciais. Essa lacuna entre demanda e oferta pode ser preenchida com soluções de tokenização, conectando o mercado financeiro às novas expectativas dos consumidores e acelerando a transformação do sistema de pagamentos.
A tokenização é uma das principais estratégias do Banco Central, com iniciativas como o Drex e o Open Finance, voltadas a tornar o sistema financeiro mais seguro, ágil e inclusivo. Transformar a economia por meio da tokenização é mais do que digitalizar ativos; é uma revolução. A migração de bens como dinheiro, imóveis e investimentos para o ambiente digital, com o uso de tecnologias como o blockchain, abre possibilidades para novas formas de liquidez e rastreabilidade. Além disso, qualquer bem, físico ou digital, pode servir de garantia para empréstimos e outros serviços financeiros, ampliando o acesso ao crédito e democratizando o seu uso.
Adotar criptoativos no comércio oferece aos empresários a oportunidade de expandir seu alcance. Hoje, mais de 2 bilhões de dólares estão armazenados em carteiras digitais, representando ativos como Bitcoin, Ethereum e stablecoins (USDC, USDT). Contudo, a falta de infraestrutura para aceitar esses meios de pagamento ainda limita o acesso ao mercado. A tokenização resolve essa questão, permitindo que criptomoedas e stablecoins sejam usadas para pagar produtos e serviços. Um exemplo claro é a nossa recente implementação de pagamentos com criptomoedas em um grande varejista no Rio de Janeiro, alinhada aos objetivos do Banco Central de promover uma economia digital acessível.
Além de atrair um novo perfil de consumidor, a adoção dessas tecnologias posiciona os comerciantes estrategicamente no mercado global, aumentando o poder de compra e a base de clientes. A tokenização também facilita a inclusão financeira ao permitir o uso de ativos digitais como garantias, tornando o crédito mais acessível. O blockchain, por sua vez, oferece vantagens como a redução de custos operacionais, maior rapidez nas transações e eliminação de intermediários, tornando o sistema de pagamentos mais eficiente e acessível.
O Banco Central está pavimentando o caminho para uma economia digital mais eficiente e inclusiva, com iniciativas como o Drex e a tokenização de ativos. O objetivo é criar um ambiente financeiro seguro e dinâmico, no qual qualquer bem possa ser facilmente transferido e utilizado. No comércio, aceitar criptoativos vai além de diversificar métodos de pagamento: é uma maneira de conectar-se a um mercado global em expansão, aumentar a competitividade e promover a inclusão financeira.
A tokenização de pagamentos não é apenas uma tendência, mas uma mudança profunda nas interações entre consumidores e comerciantes, gerando novas oportunidades de mercado e um sistema financeiro mais democrático e integrado. Estamos apenas no início dessa revolução, que abrirá caminho para uma economia digital mais globalizada e acessível a todos.