Por Silas Colombo, fundador e CCO da MOTIM.
Em um mercado onde os oceanos azuis estão cada vez mais escassos, o verdadeiro diferencial está em como uma marca constrói e comunica sua reputação.
Ou seja, a inovação, por si só, já não é mais suficiente para abastecer um processo de crescimento exponencial e de atração de atenção do mercado, como vimos na última década.
Em um cenário onde toda startup, por mais disruptiva que seja, enfrenta uma concorrência feroz, cresce também o ceticismo do consumidor, que agora tem dificuldade em diferenciar o “novo” daquilo que realmente veio para ficar e resolver suas dores.
É aí que entra o fator decisivo. Hoje, o que separa negócios que sobrevivem daqueles que escalam é a reputação. E quando falo de reputação, me refiro não apenas à capacidade de comunicar o impacto da proposta de valor, mas também à habilidade de “conversar” com o público e gerir a narrativa do mercado em torno da marca.
Afinal, a reputação de uma empresa não é apenas o reflexo do que ela diz sobre si mesma, mas da percepção genuína que constrói no mercado.
Para se ter uma ideia do tamanho desse impacto, a 2ª Pesquisa Nacional Sobre o Impacto das Relações Públicas no Mercado de Inovação A Visão do Investidor, desenvolvida pela MOTIM, revela que 91% dos investidores concordam que marcas que apresentam sua proposta de valor com eficiência aumentam significativamente a probabilidade de receber uma injeção financeira.
Isso significa que, atualmente, não basta mais ter uma solução disruptiva ou uma tecnologia de ponta. Se a marca não souber construir conexão e confiança, já perdeu a corrida. E, aqui, não estou falando de slogans chamativos ou campanhas de marketing passageiras. Me refiro à consistência, autenticidade e frequência. A reputação se constroi todos os dias, e cada ato é uma oportunidade de reforçar ou minar essa confiança.
Reputation Led Growth: uma nova abordagem entra em cena
É nesse contexto que surge a mentalidade de Reputation Led Growth: uma abordagem estratégica que integra os ativos únicos da empresa, sua história, seus valores, o que a marca representa e como o líder personifica tudo isso em um processo contínuo de gestão da reputação.
O conceito não só ajuda a ampliar o alcance, mas também cria laços mais fortes com clientes, parceiros e investidores, educa o mercado, acelera o processo de vendas e atrai os melhores consumidores, mantendo-os próximos e interessados. Mais do que isso, é essencial para preservar a imagem da empresa, protegendo-a dos altos e baixos do mercado e da fúria da concorrência.
Não à toa, utilizando novamente números da pesquisa da MOTIM como base, nove em cada dez investidores consideram a marca pessoal dos fundadores fator determinante na decisão sobre o aporte. Além disso, mais de um terço dos profissionais do mercado de venture capital colocam o posicionamento e história dos fundadores como os principais trunfos de uma marca na busca por investimento.
Esses dados mostram que fundadores e líderes passaram a ser mais do que apenas gestores de negócios. Eles devem ser os guardiões da reputação da marca. Quem ainda acredita que construir um negócio forte é opcional, vai perceber tarde demais que o mercado não é mais movido apenas por boas ideias. Estamos em uma era onde o valor real está na confiança e na credibilidade que uma marca transmite, e em como ela se mantém relevante no dia a dia dos consumidores a longo prazo.
O tempo do improviso ficou para trás. Se a reputação está crescendo no mesmo ritmo em que o negócio, chegamos à era do Reputation Led Growth. Aqui, a única vantagem sustentável é ser lembrado, e ser lembrado pelos motivos certos.