Por Fernando Fuertes, engenheiro e desenvolvedor de novos negócios da Acro Cabos.
Mesmo tendo alcançado o primeiro quarto do século 21, seguimos sendo surpreendidos pelas inovações tecnológicas. Certamente, este será um ano em que mergulharemos ainda mais nas possibilidades da Inteligência Artificial, que terá reflexos em todos os setores produtivos por meio da automação e capacidade de análise. Portanto, este é um bom momento para falarmos de tendências.
O segmento da elevação, movimentação e amarração de cargas se caracteriza por ser extremamente diversificado, já que oferece soluções para setores distintos como indústria, construção civil, transporte, operações navais, portuárias e offshore, por exemplo. Por isso, falar em tendências exige uma visão bastante ampla de diferentes mercados e tecnologias.
De modo geral, é inegável que a automação, robotização e uso de IA será aprofundada ao longo do ano em praticamente todas as áreas. Porém, quando falamos da realidade brasileira, é preciso entender que muitos avanços que já podem ser vistos na Europa e EUA ainda levam um tempo até serem plenamente adotados por aqui.
Portanto, quando falamos em tendências no nosso setor, as perspectivas podem estar mais distantes do que gostaríamos. O que, por outro lado, não diminui a importância de estarmos atentos ao que o futuro promete, já que esta visão antecipada é sempre estratégica para planejar investimentos.
Em segmentos da indústria e da construção civil, as aplicações de IA em equipamentos de elevação e movimentação de carga tendem a oferecer diversas possibilidades, entre elas, a manutenção preditiva mais precisa.
A Inteligência artificial pode, por exemplo, ser aplicada na análise de dados de telemetria em operações de içamento. Diferentes sensores podem fornecer informações como o peso das cargas movimentadas e as condições climáticas ao longo de cada operação durante um determinado período e estabelecer, com melhor precisão, o momento de substituição de um cabo de aço. Isso significa analisar múltiplas variáveis de desgaste, trazendo mais eficiência no planejamento de paradas e na gestão dos custos de manutenção.
Uma outra combinação de IA e sensores pode ser aplicada em áreas de risco durante um processo de movimentação de carga. Com equipamentos interconectados, uma operação de içamento pode ser interrompida automaticamente no caso de sensores identificarem a presença de pessoas em local inadequado. Este seria um passo importante para aumentar a segurança em atividades que demandam içamento de cargas.
Inovação em materiais
A tecnologia como tendência vai além de equipamentos digitais conectados com IA aplicada, inclui também novas aplicações para alguns materiais.
Um exemplo são os cabos feitos com polietileno de alta densidade molecular (HMPE), que apresentam resistência similar à de cabos de aço, mas chegam a ser 90% mais leves. Embora já sejam usados em operações navais, começa a surgir um mercado para esse material ser utilizado em outras finalidades.
Atualmente, já temos elevadores de passageiros sendo içados por cabos feitos como esse material, assim como em alguns fabricantes internacionais de guindastes, cujos equipamentos saem de fábrica com cabo HMPE ou uma versão híbrida. Esta é uma indústria que tem se desenvolvido de forma acelerada e embora no Brasil ainda seja tímida a procura por soluções desse tipo, isso tende a crescer nos próximos anos.
Novas possibilidades de negócios
Olhado agora para o ambiente de negócios, o setor de elevação, movimentação e amarração de cargas tem em 2025 algumas oportunidades a serem exploradas. Como já expus no início, esta é uma área de atuação bastante ampla, pois atende muitos setores e o modo como cada um deles evolui gera diferentes impactos.
No caso da construção civil, há uma projeção de crescimento de 3% no PIB do setor, segundo levantamento do SindusCon SP em parceria coma FGV Ibre. Um avanço que, estima-se, será sustentado pela manutenção das vendas elevadas no mercado imobiliário e pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
Outro segmento que deverá trazer impacto é o offshore. Além de toda a infraestrutura instalada para exploração de petróleo na costa brasileira, a demanda global por energia renovável e as transformações trazidas pela transição energética tendem a impulsionar a implementação de eólicas offshore.
Esta é uma tendência na qual o país pode surfar com grande vantagem, graças à sua expertise, gerando impactos em nosso setor. Só para se ter uma ideia, em termos globais, projeta-se que as usinas eólicas offshore podem gerar mais de 500 mil empregos até 2050, com valor bruto agregado de R$ 902 bilhões, segundo estudo realizado pelo Grupo Banco Mundial.
No apanhado geral, as perspectivas para 2025 são promessas de evolução e modernização que não devem vir sem os naturais desafios que transformações e mudanças trazem.
Seja pela tecnologia digital, seja pelas possibilidades de novos negócios, é importante se manter atualizado e preparado para incorporar novas soluções para ganhos de eficiência e novos modelos de negócios para explorar as oportunidades.