Por Marcus Vinicius Melo, CEO da Sigma Infinity.
O avanço da digitalização da economia tem impulsionado a criação de modalidades de dinheiro eletrônico, destacando-se as stablecoins e as Moedas Digitais do Banco Central (CBDCs, na sigla em inglês).
Ambas representam inovações financeiras significativas, mas possuem naturezas, objetivos e impactos distintos no sistema financeiro global.
Desde a criação do Bitcoin em 2011, os ativos virtuais têm contribuído para o desenvolvimento de modelos de negócio no setor financeiro.
Além de estimular a competição no setor, em razão das novas startups e fintechs emergentes, o impacto de novas tecnologias nos sistemas monetário tem como consequência a necessidade de aprimoramento da regulação desse mercado.
Assim, a análise a respeito da utilização de stablecoins no Brasil e no mundo se justifica não só pelo rápido crescimento verificado nos últimos anos, mas também pelo olhar atento de reguladores que se debruçam sobre o tema em nível global. No Brasil, também é notável a expansão dos ativos virtuais.
Um estudo realizado pela Triple-A em 2025 estima que 26 milhões de brasileiros possuam algum tipo de criptomoeda, posicionando o país como o sexto no ranking global de usuários de criptoativos, sendo um dos maiores mercados de criptomoedas do mundo, e desempenha um papel fundamental na América Latina.
As stablecoins são criptomoedas emitidas por entidades privadas, como empresas ou consórcios, e geralmente lastreadas em ativos tradicionais, como moedas fiduciárias (por exemplo, dólar americano) ou commodities. Exemplos incluem o Tether (USDT) e o USD Coin (USDC).
Já as CBDCs, moedas digitais emitidas e reguladas diretamente pelos bancos centrais de cada país, representando uma versão digital da moeda nacional, como o DREX. Elas são parte da política monetária oficial e têm lastro na confiança do governo.
Estas stablecoins foram criadas para oferecer estabilidade de preço em relação a ativos tradicionais, facilitando transações no ecossistema cripto e servindo como ponte entre o mundo financeiro tradicional e o descentralizado. Já as CBDCs visam modernizar o sistema monetário, aumentar a eficiência dos pagamentos, promover a inclusão financeira e fortalecer o controle monetário pelos bancos centrais.
Tanto stablecoins quanto CBDCs podem reduzir custos e tempo nas transações, especialmente em pagamentos internacionais e remessas, eliminando intermediários e agilizando processos. No fim das contas, stablecoins e CBDCs representam dois lados da mesma moeda no que diz respeito à digitalização do dinheiro.
Enquanto as stablecoins surgiram como uma solução privada para problemas de volatilidade e eficiência no ecossistema cripto, as CBDCs são uma resposta dos bancos centrais à necessidade de modernização e controle monetário.
Ambas trazem benefícios significativos, como maior eficiência e inclusão financeira, mas também apresentam riscos que precisam ser cuidadosamente gerenciados, especialmente no que diz respeito à estabilidade financeira global, privacidade e soberania monetária.
O blockchain é a base tecnológica das duas, com foco em transparência e descentralização. À medida que essas tecnologias evoluem, a colaboração entre governos, órgãos reguladores e setor privado, será essencial para garantir que os benefícios sejam maximizados e os riscos mitigados, promovendo um sistema financeiro global mais inclusivo, eficiente e seguro.