Por Cesar Orlando, CEO da Jurídico.AI.
Nos últimos anos, o setor jurídico tem vivenciado uma transformação profunda impulsionada pelos avanços em tecnologia. Em meio a essas inovações, os agentes de inteligência artificial (IA) ocupam um espaço de protagonismo dentre as soluções mais promissoras, podendo redesenhar a maneira como escritórios de advocacia operam.
Por meio desses sistemas autônomos, programados para executar tarefas específicas e tomar decisões com base em algoritmos avançados, esse tipo de recurso representa uma ferramenta estratégica para otimizar processos e aumentar a eficiência das equipes jurídicas.
Atualmente, os agentes já desempenham funções que vão além das capacidades de um chatbot tradicional, como pesquisas na web e conversas automatizadas. No âmbito jurídico, eles se destacam pela possibilidade de automatizar tarefas repetitivas e de alto volume, como triagem de documentos, revisão de contratos, monitoramento de prazos processuais e análise de jurisprudências.
Essa automação reduz o tempo gasto nessas atividades, e também minimiza os riscos de erros, proporcionando maior segurança jurídica aos escritórios e aos seus clientes.
A integração de agentes de IA traz boas vantagens para os escritórios de advocacia. Em primeiro lugar, possibilita uma significativa redução de custos operacionais ao automatizar tarefas repetitivas, permitindo que os advogados concentrem seus esforços em atividades estratégicas e de alto valor.
Além disso, os agentes revisores ajudam a mitigar erros, como inconsistências e omissões em documentos, garantindo maior qualidade e segurança nos serviços prestados. Outro ponto de destaque é a escalabilidade: com o suporte da IA, escritórios podem gerenciar um maior volume de casos sem aumentar proporcionalmente os custos.
Ademais, a personalização é um diferencial importante. Agentes de IA podem ser configurados para atender às necessidades específicas de cada cliente, oferecendo soluções sob medida, como relatórios ajustados ou monitoramento de regulamentos pertinentes. Essa flexibilidade reforça a capacidade dos escritórios de entregar resultados ágeis e relevantes em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.
Um exemplo concreto desse avanço está no uso de agentes configurados para enviar relatórios diários com atualizações judiciais personalizadas. Ao mesmo tempo, já existem também sistemas sofisticados que funcionam como gestores de projetos, organizando tarefas, delegando funções e supervisionando o progresso das atividades.
Chamado de multi-agentes, esse conceito é de enorme destaque para o ambiente jurídico. A partir desses sistemas colaborativos, é possível que diferentes agentes atuem de forma integrada, com um planejamento e delegação por um sistema e a execução e revisão por outro, garantindo resultados mais precisos e eficientes.
Diante desse contexto promissor, fica fácil de entender o porquê deste segmento ser um dos mais promissores dentro do mercado de IA. De acordo com um estudo da MarketsandMarkets, o mercado global para o recurso está projetado para alcançar impressionantes $ 1,811 trilhões até o final da década.
Um bom exemplo do forte interesse sobre o recurso está no recentíssimo anúncio da OpenIA e Perplexity, duas das maiores companhias globais no que diz respeito à tecnologia generativa, da criação de agentes proprietários capazes de realizar tarefas complexas na web.
Chamadas de Operator e Perplexity Assistant, respectivamente, as soluções foram desenvolvidas com o objetivo de simplificar a rotina dos usuários ao automatizar tarefas dentro da web, seja para clicar, rolar a tela, digitar e, até mesmo, preencher um formulário, ou concluir uma compra.
Mesmo diante de todo esse enorme potencial, nunca é demais ressaltar que os agentes não substituem o papel humano no setor jurídico. Pelo contrário, eles potencializam as habilidades dos advogados, liberando-os para atuar em frentes mais criativas e estratégicas, como a formulação de teses e a negociação de acordos.
Esse movimento representa uma oportunidade para que escritórios se adaptem às exigências da revolução digital, fortalecendo sua competitividade e posicionamento no mercado a partir de recursos que assumem tarefas meramente operacionais.
Fato é que os agentes de IA representam uma revolução no setor jurídico, não como substitutos, mas como aliados estratégicos. Ao abraçar a tecnologia, escritórios de advocacia poderão otimizar operações, além de construir um futuro inovador e preparado para os desafios de um mercado competitivo em constante evolução.