Por Gleisson Herit, especialista em tecnologia digital e mercado imobiliário.
O mercado imobiliário é um dos setores mais tradicionais e competitivos da economia.
De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor brasileiro registrou no terceiro trimestre de 2024 um crescimento de 20,1% no número de lançamentos, e de 20,8% nas vendas de unidades habitacionais verticais em comparação ao mesmo período de 2023, reforçando sua posição como um setor que cresce continuamente.
No entanto, fatores como a elevação de taxas de juros e o aumento dos custos de materiais e mão de obras podem afetar o ritmo de crescimento, aumentar custos e, em última instância, dificultar a decisão de adquirir um imóvel.
Ao mesmo tempo, nos últimos anos, o mercado imobiliário tem sido desafiado a se reinventar para atender às demandas de um público cada vez mais exigente e conectado.
A tecnologia, que já transformou muitos outros setores, está agora revolucionando a maneira como imóveis são comprados e vendidos, e as construtoras que desejam se destacar num cenário de dinamização tecnológica e incerteza financeira precisam acompanhar as transformações.
Nesse contexto, que demanda processos otimizados e atenção crescente à experiência do cliente, surge uma ferramenta poderosa: a inteligência artificial (IA).
Com o avanço das IAs e o surgimento de plataformas digitais, as construtoras têm a oportunidade de transformar a maneira com a qual se relacionam com seus compradores. Sistemas de atendimento automatizado, busca inteligente, monitoramento de tendências e interpretação estratégica de quantidades massivas de dados são apenas algumas das possibilidades proporcionadas por esse novo recurso tecnológico.
Para além destes mecanismos que podem melhorar a atuação das construtoras, a IA aplicada ao mercado imobiliário também pode ser benéfica para os compradores. Conforme os clientes são expostos a experiências cada vez mais sofisticadas de consumo digitais, determinadas operações e burocracias se tornam menos agradáveis para um potencial consumidor que deseja comprar ou alugar um imóvel.
É por isso que recursos como realidade virtual e aumentada, chatbots e contratos inteligentes ganham força e aos poucos deixam de ser um luxo e se transformam em uma necessidade que sempre deve estar no radar das imobiliárias.
Muitas construtoras já utilizam sistemas de gestão de relacionamento com o cliente (CRM) e interfaces de programação de aplicativos (APIs) de plataformas externas para gerenciar suas operações. Da mesma forma, ferramentas de marketing também costumam estar alocadas em diferentes softwares. A falta de integração entre essas ferramentas pode resultar em informações dispersas e processos ineficientes.
É a partir dessa problemática e do impulso disruptivo das tecnologias que surgem os hubs imobiliários digitais, plataformas projetadas com o intuito de centralizar e organizar todas as informações em um único local. Por meio da integração de todas as tecnologias, as construtoras podem ter uma visão completa do histórico de cada cliente, desde o primeiro contato até o fechamento do contrato.
Outro diferencial importante é o acompanhamento inteligente da jornada de compra. O hub imobiliário digital acompanha cada etapa do processo de aquisição, do primeiro interesse à compra efetiva, e isso permite identificar gargalos e ajustar estratégias para garantir uma experiência impecável para o comprador. Adicionalmente, a integração com chatbots contribui para a resolução de dúvidas e a manutenção da satisfação durante todo o processo de aquisição de um novo imóvel.
A busca inteligente e os insights baseados em inteligência artificial são mais alguns benefícios dos hubs imobiliários digitais. Com o uso, o sistema oferece uma busca avançada que entende as necessidades dos clientes e sugere imóveis relevantes de forma ágil e eficiente, economizando o tempo dos compradores, um dos bens mais preciosos da contemporaneidade.
Segundo um estudo divulgado pela Deloitte em 2024, 58% das empresas brasileiras já usam inteligência artificial em processos do dia a dia.
A tendência é evidente e mais real do que nunca. Embora o mercado imobiliário seja um veterano e resistente à mudança, ele não é imune ao tempo, uma vez que empresas que não se adaptam ao digital correm o risco de ficar para trás, enquanto concorrentes adotam tecnologias que aumentam suas vendas.
Mais do que isso, as companhias de destaque têm dedicado seus esforços tecnológicos à otimização de seu relacionamento com os clientes, uma das preocupações mais relevantes de qualquer mercado atual.
Investir em inovação é essencial para se manter competitivo e aproveitar as oportunidades do setor. O futuro do mercado imobiliário está cada vez mais digital, e as construtoras que souberem aproveitar as potencialidades oferecidas pela tecnologia terão um diferencial significativo.
Da oferta personalizada ao tour virtual, do atendimento automatizado ao contrato inteligente, o sonho do novo imóvel se realiza através das telas, ao presencial, reserva-se apenas o primeiro passo dentro do apartamento, o suspiro aliviado e a reconfortante expressão: “lar, doce lar”.