Por Wagner Jesus, country Head da Wipro no Brasil.
Em paralelo à tecnologia, o setor de gestão de patrimônio também vem passando por transformações aceleradas. A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma promessa e se consolidou como ferramenta essencial para a eficiência e a inovação em um mercado que exige mais personalização, agilidade e resultados concretos. Estudos globais apontam que empresas do setor estão ampliando consideravelmente seus investimentos em IA, e o Brasil pode estar diante de uma oportunidade estratégica de crescimento.
De acordo com a pesquisa da Wipro, os investimentos em IA no setor de gestão de patrimônio devem mais do que dobrar nos próximos cinco anos, passando de 16% para 37% do orçamento total. A adoção extensiva de Inteligência Artificial, além de reforçar a competitividade dessas empresas, também permite aprimorar a tomada de decisões e otimizar a eficiência operacional.
Os números são claros:
- 77% das empresas que utilizam IA destacam melhorias significativas na tomada de decisões com análises preditivas.
- 76% relatam ganhos relevantes em eficiência operacional, um fator determinante em um mercado de margens estreitas e alta exigência dos clientes.
Aplicações práticas da IA: oportunidades para o Brasil
A IA vem impactando diferentes etapas do setor de Wealth Management, com destaque para:
Pesquisa e análise: atualmente, 44% das empresas utilizam IA para realizar análises avançadas, com projeção de crescimento para 67% nos próximos dois anos. Ferramentas baseadas em dados são fundamentais para a identificação de novas oportunidades de investimento, avaliação de riscos e elaboração de portfólios personalizados;
Gestão de portfólios: embora apenas 29% das empresas utilizem IA nesta área hoje, espera-se um crescimento significativo, alcançando 49% em breve. A IA permite a gestão eficiente de grandes volumes de ativos e a criação de estratégias sob medida para clientes;
Engajamento com clientes: a personalização é uma das principais vantagens competitivas trazidas pela IA. Com o uso de tecnologias como processamento de linguagem natural (NLP) e análises preditivas, as empresas podem melhorar o atendimento, personalizando as interações e antecipando necessidades.
Além dessas aplicações, o setor de Asset Management nos segmentos de Utilities e de BFSI (Banking, Financial Services & Insurance) também vem incorporando IA no intuito de transformar operações e otimizar processos. No setor de Utilities, a Inteligência Artificial desempenha um papel essencial na gestão de ativos, permitindo a análise preditiva para otimizar o desempenho de infraestruturas críticas, como redes elétricas e gasodutos. A integração de dados operacionais melhora a tomada de decisão e permite um monitoramento em tempo real, reduzindo riscos operacionais e aumentando a confiabilidade dos serviços prestados.
Já no setor BFSI, a IA é aplicada na automação de compliance, prevenção de fraudes e análise avançada de riscos, ajudando instituições financeiras a garantir operações mais seguras e eficientes. O uso de machine learning para prever padrões de comportamento do mercado e detectar anomalias em transações financeiras está revolucionando a forma como bancos e seguradoras operam.
Além dessas aplicações, a IA ainda pode ser empregada na automação de processos administrativos e na melhoria da governança. Ferramentas baseadas em IA otimizam tarefas repetitivas, como geração de relatórios financeiros, auditorias e monitoramento de compliance, permitindo que gestores de patrimônio foquem em atividades de maior valor agregado, como consultoria e estratégias personalizadas.
Outra aplicação relevante é o uso de análises de sentimento e comportamentos. A IA é capaz de interpretar grandes volumes de dados e identificar padrões no comportamento dos clientes e no mercado. Isso possibilita uma tomada de decisão mais precisa, a antecipação de tendências de investimento e o ajuste das estratégias com base em cenários futuros.
Eficiência e pluralidade
A adoção de IA na gestão de patrimônios não se refere exclusivamente à automação, mas também à inovação e pluralidade de pensamento. Empresas nativas de tecnologia, que operam em ecossistemas robustos ao lado de hyperscalers, startups, academia e ventures, trazem uma visão ampliada para os desafios do setor. Essa capacidade de transferir soluções adquiridas em diferentes indústrias faz com que a abordagem seja mais estratégica quando comparada à atuação restrita de times internos de tecnologia.
Além disso, esses ambientes de inovação são férteis para o desenvolvimento profissional, promovendo diversidade e colaboração, o que impulsiona o surgimento de soluções disruptivas.
A pesquisa da Wipro deixa evidente que o investimento em IA é um caminho sem volta para as empresas de gestão de patrimônio que desejam se manter relevantes. No Brasil, instituições que apostam em parcerias estratégicas com empresas especializadas em tecnologia terão uma vantagem competitiva significativa. A IA não serve apenas para otimizar operações, mas também para redefinir a forma como as empresas engajam com seus clientes e crescem no mercado.
Com o crescimento acelerado das soluções envolvendo a Inteligência Artificial, esta tecnologia será a chave para um setor mais eficiente, competitivo e centrado no cliente.