Por Ricardo Haag, headhunter e sócio da Wide Executive Search.
A inteligência artificial faz parte das inúmeras ferramentas tecnológicas criadas como parte da busca constante da nossa sociedade pela evolução. É claro que, assim como muitos recursos, a IA proporciona uma série de benefícios para automatizar e facilitar diversas tarefas do nosso cotidiano.
Porém, assim como toda moeda tem seus dois lados, ela também pode apresentar desvantagens significativas, principalmente, no prejuízo ao pensamento crítico das pessoas, o que tende a afetar, significativamente, suas responsabilidades profissionais.
Essa é uma das tecnologias que mais vem se difundindo no mercado global. Em 2024, como prova disso, 72% das empresas do mundo já adotaram a IA, um avanço significativo de 55% em comparação a 2023, conforme dados da pesquisa “The state of AI in early 2024: Gen AI adoption spikes and starts to generate value”, realizada pela McKinsey.
No Brasil, especificadamente, 83% dos profissionais utilizam esse recurso em seu dia a dia, segundo o “Índice de Tendências de Trabalho”, da Microsoft e LinkedIn, destacando suas vantagens para economizar tempo, estimular a criatividade e permitir que se concentrem em atividades mais relevantes.
Porém, nem sempre, essa maior eficiência é usufruída de forma inteiramente positiva por muitos profissionais, utilizando essa ferramenta na maior quantidade possível de atividades e, com isso, os deixando ‘preguiçosos’ quanto ao desenvolvimento e aplicação do senso crítico em suas funções.
O fato de suas praticidades possibilitarem que muitas tarefas sejam realizadas em um menor período e com maior eficiência gera, consequentemente, um maior tempo ‘ocioso’ dos profissionais em sua jornada – o que, nem sempre, é preenchido positivamente por eles.
Por mais que essa adoção constante de tecnologias cada vez mais robustas seja benéfico para otimizar cada vez mais tarefas internas, o tempo ‘de sobra’ que os profissionais terão com essa agilidade deve ser investido em seu aprendizado e treinamento, de forma que acompanhem as tendências de sua área e se mantenham atualizados frente às demandas do setor e dos consumidores, assegurando seu bom desempenho internamente e competitividade.
Se tratando da IA, como exemplo, por mais que ela já esteja fortemente difundida no mercado, muito ainda pode ser descoberto quando a suas aplicações. Além disso, novas tecnologias surgem a todo o momento, demandando cada vez menos tempo para que sejam aprendidas e incorporadas. Ciclos de adaptação que, antigamente, demoravam anos a serem concluídos, hoje podem ocorrer em poucos dias, o que pode tornar um recurso obsoleto rapidamente.
É dever dos profissionais, dessa forma, terem a proatividade de não apenas incorporar essa tecnologia ao que for, realmente, vantajoso, como também aproveitar este tempo de sobra para estudar e redesenhar suas responsabilidades neste cenário digital, avaliando a melhor forma de se manterem economicamente ativos e frente aos concorrentes, contribuindo com o mercado com maior eficácia e qualidade conforme as demandas do público-alvo.
Entenda quais são as maiores necessidades da sua área e de que forma atendê-las, sempre priorizando por agregar valor às operações. Quais outras tarefas podem ser importantes para alavancar o potencial competitivo, e onde investir tempo e recursos para garantir o aprendizado contínuo nesse sentido.
Mesmo que haja uma corresponsabilidade entre empregador e empregado quanto ao incentivo deste estudo, aqueles que terão maior chance de prosperar neste cenário de extrema digitalização, serão os que adotarem uma postura mais proativa sobre isso, indo atrás de seu conhecimento por interesse próprio, ao invés de esperar este incentivo pela empresa.
A IA, assim como outras tecnologias, ainda será muito mais explorada e aplicada na rotina profissional, criando inúmeras oportunidades de melhora de desempenho.
Porém, aqueles que não souberem aproveitar o ‘tempo livre’ que esse recurso possibilitará em suas jornadas, certamente terão maiores chances de perderem espaço e empregabilidade no mercado, pela falta de senso crítico e análise em suas tarefas e aprendizado contínuo que são peças-chaves para a prosperidade de todo profissional.