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Ozempic e a nova disrupção de mercado: o que acontece quando o consumidor muda?

Foto: divulgação.

Um único produto pode transformar um mercado inteiro. Mas e quando ele impacta vários setores ao mesmo tempo? Foi o que aconteceu com o iPhone, que redefiniu o consumo digital. Com a Netflix, que enterrou as locadoras. Com o Uber, que mudou a mobilidade urbana. Com o Airbnb, que transformou a hotelaria e forçou redes tradicionais a repensarem sua oferta. E agora, estamos assistindo a uma nova disrupção — dessa vez, vinda de um medicamento.

O Ozempic, criado para tratar a diabetes, acabou provocando uma mudança massiva no comportamento do consumidor. O efeito colateral? Redução de apetite e perda de peso significativa, impactando não só o setor de alimentos, mas também moda, aviação e até turismo.

A grande questão é: quando o consumidor muda, quem não se adapta perde espaço.

O que está mudando?

Na indústria alimentícia, grandes marcas já perceberam o impacto. Empresas como Nestlé e Danone estão reformulando seus produtos porque o consumo de alimentos ultraprocessados caiu. Um estudo recente apontou que, seis meses após o início do uso desses medicamentos, houve uma redução de 11,1% no consumo de salgadinhos, 9% em panificação doce e 6,6% em refrigerantes.

Isso significa que o mercado de alimentos precisa se reposicionar agora. Produtos e campanhas que antes giravam em torno da indulgência precisam se voltar para bem-estar, saciedade e nutrição. Quem não acompanhar essa virada pode ver uma queda de demanda.

O mesmo está acontecendo no varejo de moda. Marcas estão registrando um aumento na procura por roupas menores, o que pode sinalizar uma inversão na tendência de crescimento do mercado plus size. Esse novo comportamento do consumidor impacta estoques, modelagens e até a forma como as marcas se comunicam. Empresas que enxergarem essa mudança cedo podem explorar novos nichos, como coleções voltadas para quem está passando por mudanças corporais significativas.

E a aviação? Esse talvez seja um dos impactos menos esperados, mas algumas companhias aéreas já estão estudando como a redução do peso médio dos passageiros pode gerar economia de combustível. Uma aeronave mais leve consome menos querosene, reduzindo custos e criando um potencial posicionamento sustentável. Isso abre caminho para uma nova narrativa de marketing, onde as marcas podem conectar eficiência energética à redução da pegada de carbono.

Disrupção: p padrão que se repete

O fenômeno Ozempic segue um padrão que já vimos antes. Sempre que um comportamento muda, o mercado responde – e aqueles que identificam essa mudança primeiro criam vantagem competitiva.

O iPhone não foi apenas um novo celular. Ele criou o conceito de smartphones, destruiu o mercado de celulares convencionais e abriu espaço para um ecossistema de aplicativos e serviços digitais. Empresas que se adaptaram rápido cresceram junto.

A Netflix mudou completamente o entretenimento, tirando o poder das locadoras e forçando estúdios e emissoras a reinventar seus modelos de distribuição. Enquanto Blockbuster resistia, Disney e HBO entenderam que o streaming era o futuro e entraram no jogo.

O Uber não só transformou a mobilidade urbana, mas também impactou o setor logístico, expandindo seu modelo para delivery, fretes e até novas soluções de transporte. Hoje, a empresa não é apenas um app de corridas – é um ecossistema.

E o Airbnb, que começou como uma alternativa para viajantes econômicos, redefiniu completamente o conceito de hospedagem, forçando redes hoteleiras tradicionais a elevarem sua proposta de valor. Quem apostou apenas no modelo convencional perdeu competitividade.

O que esses casos ensinam? Não é o produto que transforma o mercado. É a mudança no comportamento do consumidor.

A pergunta que fica

O caso do Ozempic é mais um lembrete: quem não enxerga as mudanças de consumo a tempo, perde espaço.

Não se trata apenas de um medicamento. Trata-se de um novo padrão de comportamento. E toda marca que lida com consumo – seja de alimentos, moda, transporte ou qualquer outro setor – precisa entender como isso impacta seus negócios.

A pergunta não é se essa mudança vai afetar seu mercado. É quando.

E sua empresa, já está pronta para essa nova realidade?

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CEO da Cubo Comunicação.

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