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Existe uma geração “mais preparada” para liderar?

A cada nova geração que chega ao mercado de trabalho, ouvimos previsões sobre os líderes do futuro. Muitas dessas análises vêm carregadas de críticas, como se os mais jovens fossem excessivamente ambiciosos e impacientes para absorver os aprendizados de quem veio antes. Na outra ponta, estão os que defendem esses novos profissionais, argumentando que, por estarem mais conectados aos desejos dos consumidores, lidam melhor com mudanças e se adaptam com mais facilidade.

Lembro de ouvir esse mesmo debate quando minha geração entrou no mercado. E revejo a cena agora, como líder, ao acompanhar a chegada da Geração Z. Sei que a história se repetirá também com as próximas. Isso me faz questionar: será que faz sentido discutir qual geração está mais preparada para liderar? Ou o que realmente importa é o perfil de cada profissional?

Se há algo que o tempo me ensinou, é que bons líderes não nascem prontos — eles são moldados ao longo da vida, independentemente da época em que nasceram. Liderança não é sobre um momento específico no tempo, mas sobre a capacidade de aprender, se adaptar e construir algo maior.

O que muda de geração para geração?

O que realmente se transforma ao longo do tempo não é a essência da liderança, mas as competências mais valorizadas pelo mercado. Já vivemos a era dos chefes centralizadores. Depois, o modelo do líder inspirador e motivacional ganhou força. Hoje, vemos líderes mais técnicos, que investem em aprendizado contínuo e tomam decisões baseadas em dados.

Essa ênfase na qualificação faz todo sentido. Com o acesso fácil à informação, a competitividade exige um preparo cada vez maior. Mas, mesmo com a valorização do conhecimento técnico, algumas qualidades seguem sendo essenciais, em qualquer tempo. A habilidade de lidar com pessoas, a visão estratégica e a abertura para o novo nunca saem de moda.

Entrei no mercado muito jovem e, por estar em um ambiente de negócios desde cedo, precisei me provar. Como sucessora em uma empresa familiar, enfrentei olhares desconfiados e precisei construir minha autoridade. Em alguns momentos, minha postura era mais combativa, como se eu precisasse reafirmar meu espaço o tempo todo. Com o tempo, aprendi que liderança não se trata apenas de estar certa ou de dominar um tema, mas de saber ouvir, conectar pessoas e construir caminhos para crescer junto com elas.

Liderança não tem idade, tem propósito

O mercado já provou que bons líderes podem surgir em qualquer geração. Há jovens que assumem grandes responsabilidades desde cedo e entregam resultados extraordinários. Ao mesmo tempo, há profissionais com décadas de experiência que continuam inovando e liderando com excelência. O diferencial não está na idade, mas na disposição para aprender, evoluir e transformar.

Na prática, liderança não é sobre qual geração está no comando, mas sobre como cada líder se prepara para os desafios que surgem. Os melhores líderes, independentemente da idade, são aqueles que sabem construir pontes entre diferentes perspectivas, equilibram aprendizado com experiência e estão sempre prontos para se reinventar.

Quem está pronto para liderar é aquele que compreende que nunca estará totalmente pronto — e, justamente por isso, continua aprendendo todos os dias. E essa é uma característica que tem muito pouco a ver com idade.

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Vice-presidente do conselho deliberativo da Droom Investimentos.

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