Por Erica Fridman, co-fundadora da Sororitê.
Embora faça parte do universo financeiro, trabalhar em Venture Capital não significa passar o dia inteiro mergulhada em planilhas. A rotina de um profissional da área envolve, sim, análises financeiras, mas também exige muito networking, entendimento de tendências e novos mercados. No Brasil, a presença feminina no setor ainda é baixa. Segundo dados do Distrito, no Female Founders Report 2021, 74% dos fundos de Venture Capital não têm mulheres como fundadoras ou dentro do board e apenas 3% desses fundos são fundados diretamente por mulheres.
A importância de aumentar essa representatividade vai além da diversidade por si só: ela impacta diretamente nas decisões de investimento. Comitês diversos tendem a investir mais em startups fundadas por mulheres, promovendo um ciclo positivo de inclusão, geração de renda e novas oportunidades profissionais.
Mas afinal, quais são as habilidades essenciais para quem quer se destacar?
Uma parte essencial do trabalho no Venture Capital é encontrar e avaliar startups promissoras. Para isso, construir uma rede de contatos é indispensável. Estar presente em eventos do ecossistema, conectar-se com fundadores e manter boas relações com outros fundos são ações essenciais para identificar oportunidades e fomentar parcerias estratégicas.
O networking pode parecer até desafiador para mulheres, já que o ambiente de negócios ainda é majoritariamente masculino. Por isso, é fundamental ser profissional e confiante. Eventos, por exemplo, são ótimas oportunidades para criar conexões.
Ter uma boa capacidade de análise de negócios e tendências também é crucial. Startups são empresas em fase inicial, muitas vezes com projeções ambiciosas, mas ainda sem comprovação concreta de mercado. Por isso, entender modelos de negócio, avaliar projeções financeiras e analisar estratégias de crescimento são habilidades indispensáveis para quem quer atuar em VC.
Além disso, o setor de inovação é dinâmico e está em constante transformação. Reconhecer tendências e compreender o contexto macroeconômico são diferenciais para boas investidoras. Na parte financeira, é essencial saber identificar riscos, considerando fatores como economia, política e eventos globais.
Parte do trabalho em VC envolve também ouvir pitches de startups, entender seus projetos e decidir quais valem um aprofundamento na análise. Nesse processo, empatia faz toda a diferença. Se colocar no lugar de quem está apresentando a empresa e fazer perguntas com respeito e interesse genuíno é essencial para avaliar bem uma oportunidade.
O Venture Capital vai muito além das finanças tradicionais. É um mercado que exige visão estratégica, habilidades interpessoais e disposição para aprender continuamente. Para as mulheres interessadas em ingressar nessa área, o recado é claro: há espaço, há oportunidades e há uma necessidade urgente de mais diversidade no setor. O primeiro passo é se conectar, entender o ecossistema e dar voz às suas próprias ideias. O mercado precisa de mais mulheres à frente do capital – e o impacto disso será transformador.