Por Marcello Marin, contador, administrador, mestre em governança corporativa e especialista em recuperação judicial.
A governança corporativa tem se tornado cada vez mais essencial para a sustentabilidade das empresas. Mais do que um conjunto de regras e diretrizes, trata-se de um modelo de gestão que assegura transparência, responsabilidade e equilíbrio na tomada de decisões, tornando-se um diferencial para a longevidade dos negócios.
Dentro da governança corporativa, a transparência é, possivelmente, o pilar mais fundamental. Transmitir informações claras e acessíveis fortalece a relação da empresa com clientes, investidores e parceiros, propiciando um ambiente de confiança; consequentemente, essa postura contribui para a reputação corporativa e reduz riscos que podem comprometer a estabilidade do negócio.
A seguir, vem a estruturação. Quando bem-feita, ela permite a identificação e mitigação eficiente de riscos, possibilitando que gestores antecipem desafios operacionais, financeiros e ambientais e, dessa forma, consigam garantir a continuidade de seus negócios. Quando organizações não priorizam a governança, elas se veem frequentemente enfrentando crises evitáveis.
Um bom exemplo de governança bem-estruturada é a Unilever, que, em 2023, estabeleceu metas para reduzir sua pegada ambiental e eliminar embalagens plásticas não recicláveis até 2025, demonstrando que uma gestão responsável pode agregar valor e minimizar impactos negativos.
Reputação e vantagem competitiva
A governança corporativa também está diretamente ligada à reputação empresarial. Empresas como Mercado Livre, Ambev, Banco do Brasil e Nubank já perceberam que compromisso com sustentabilidade e responsabilidade social pode ser um diferencial competitivo; afinal, hoje, consumidores e investidores buscam cada vez mais empresas que vão além da geração de lucro e possuem impacto positivo na sociedade.
Além de garantir conformidade com normas regulatórias, a adoção de práticas sustentáveis reforça o compromisso da empresa com o meio ambiente e a comunidade. A Klabin, por exemplo, se destaca no Brasil como referência em ESG (ambiental, social e governança), unindo crescimento econômico e responsabilidade ambiental.
O futuro da governança
A governança corporativa é um conceito dinâmico, que precisa evoluir conforme as demandas do mercado. Para 2025, espera-se que temas como diversidade nos conselhos, transparência na gestão e ética corporativa ganhem ainda mais relevância.
Também precisamos nos atentar como novas tecnologias, tais quais inteligência artificial e blockchain, estão transformando a maneira como as empresas lidam com governança, tornando os processos mais eficientes e seguros. Portanto, investir em governança corporativa não é apenas uma exigência regulatória, mas uma estratégia inteligente.
Empresas que levam a governança corporativa a sério, com regras claras e processos bem estruturados, ganham a confiança do mercado, evitam surpresas desagradáveis e garantem uma gestão mais eficiente, e, como sabemos, a confiança pesa nas decisões. Desse modo, quando bem aplicada, garante-se segurança para investidores, clientes e parceiros, criando um ambiente mais estável e competitivo.