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A ascensão da DeepSeek e os desafios da IA de código aberto

Foto: divulgação

Por Thelma Valverde, CEO da eMiolo.

A DeepSeek, modelo chinês de inteligência artificial (IA), emergiu recentemente como um marco no cenário global. Lançado em janeiro de 2025, o modelo “R1 AI” se destacou por adotar um formato de código aberto e operar com custos de desenvolvimento muito inferiores aos dos gigantes ocidentais. Enquanto OpenAI e Meta investiram cerca de US$500 milhões no treinamento de seus modelos de IA, a startup chinesa conseguiu desenvolver sua tecnologia com apenas US$6 milhões.

O diferencial da DeepSeek está justamente em sua abordagem open-source. Essa estratégia permite que desenvolvedores e empresas contribuam para a evolução do modelo, reduzindo drasticamente os custos de refinamento e manutenção. Além disso, essa abertura acelera a adaptação do modelo para diversos setores, permitindo a incorporação de novas funcionalidades de maneira descentralizada. No entanto, essa acessibilidade levanta discussões sobre segurança, privacidade e soberania dos dados.

DeepSeek: Inovação ou Risco?

A proposta de código aberto e baixo custo democratiza o acesso à IA, possibilitando que pequenas e médias empresas implementem soluções antes acessíveis apenas para grandes corporações. Ferramentas de IA podem agora ser integradas em setores como atendimento ao cliente, automação industrial, análise de dados e logística, sem a necessidade de altos investimentos em tecnologia.

Contudo, essa acessibilidade também traz desafios críticos. A questão da privacidade dos dados é um dos principais pontos de atenção. O modelo da DeepSeek opera com servidores localizados na China, onde as leis de proteção de dados diferem das legislações europeias (GDPR) e brasileiras (LGPD). Isso levanta preocupações sobre como esses dados podem ser utilizados e monitorados, especialmente para empresas que lidam com informações sensíveis.

Outro ponto de atenção é a segurança cibernética. O crescimento acelerado da DeepSeek já chamou a atenção de cibercriminosos, que têm explorado a popularidade da plataforma para criar sites falsos e realizar tentativas de fraude. A proteção contra esse tipo de ameaça será fundamental para que empresas adotem essa tecnologia sem riscos.

Oportunidades e Desafios no Brasil

No Brasil, a chegada da DeepSeek pode representar uma revolução para empresas que buscam inovação com custos reduzidos. Setores como saúde, indústria, varejo e financeiro podem se beneficiar de modelos de IA de alta performance sem os investimentos massivos exigidos por players como OpenAI e Google.

Entretanto, o Brasil ainda enfrenta desafios para a adoção plena dessas tecnologias:

  • Infraestrutura tecnológica defasada pode limitar a capacidade das empresas de processar grandes volumes de dados e utilizar IA de forma eficiente.
  • Capacitação de profissionais: A falta de especialistas em inteligência artificial pode dificultar a implementação e o uso adequado dessas ferramentas.
  • Dependência tecnológica: O uso massivo de soluções estrangeiras pode comprometer a autonomia digital do país, tornando necessário um debate sobre desenvolvimento interno de IA.

O futuro da IA e o papel da inovação customizada

A DeepSeek é um exemplo de como a IA pode ser acessível, aberta e transformadora. No entanto, sua adoção exige um olhar crítico sobre segurança, compliance e integração com a realidade local. Empresas que buscam inovação precisam equilibrar custo, performance e proteção de dados, garantindo que suas soluções sejam não apenas avançadas, mas também sustentáveis e seguras.

Mas a revolução da IA não para por aí. Agora, surge um novo protagonista: o Manus, um modelo de IA que promete elevar ainda mais o potencial da inteligência artificial no mercado global. Enquanto a DeepSeek se destacou pela acessibilidade, o Manus traz avanços no aprendizado multimodal, eficiência energética e otimização para aplicações empresariais complexas. Com isso, o novo modelo tem o potencial de se tornar um divisor de águas no uso da IA em ambientes corporativos, permitindo uma personalização ainda maior das soluções e tornando a automação ainda mais eficiente.

Essa nova geração de IA reforça que estamos apenas no começo de uma transformação profunda no uso da tecnologia, e que o futuro será moldado por soluções cada vez mais adaptáveis e poderosas. No Brasil, o desafio está na criação de estratégias inteligentes para implementar IA de forma ética e eficaz. Seja através de modelos próprios ou da adaptação de tecnologias globais, o caminho para a transformação digital passa pelo desenvolvimento de soluções customizadas, flexíveis e seguras, que impulsionem a competitividade sem comprometer a privacidade e a soberania dos dados.

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