Por Patrícia Cavalcanti, diretora de Digital Energy e Power Products da Schneider Electric para América do Sul.
O mundo está passando por uma transformação importante na forma como gerencia a energia, e a busca por soluções mais efetivas e sustentáveis coloca a digitalização e a eletrificação no centro dessa evolução. Esses dois pilares se complementam para impulsionar uma transição que não é apenas necessária, mas também inevitável, especialmente para as infraestruturas críticas.
Em ambientes como redes elétricas, indústrias de alta demanda e instalações comerciais, a tecnologia digital se torna uma grande aliada estratégica por acelerar e otimizar processos, propiciando maior confiabilidade, desempenho e segurança às atividades.
Ao mesmo tempo, a automação de sistemas de distribuição e o monitoramento instantâneo aumentam a produtividade e minimizam os riscos de falhas, mantendo a continuidade das ações.
Os avanços são evidentes, porém questionam o status quo vigente. Segundo um estudo do think tank Ember, 30% da produção global já vêm de fontes renováveis. Trata-se de um progresso significativo que destaca os desafios de integrar essas fontes a infraestruturas já existentes.
Sem soluções digitais avançadas, otimizar o uso desses recursos, reduzir desperdícios e garantir uma distribuição adequada seria uma tarefa complexa. Aqui é o ponto em que a digitalização faz toda a diferença, convertendo dados em decisões estratégicas que melhoram a operação e a gestão.
Considere indústrias como petróleo, gás, aço e cimento, nas quais o consumo de energia representa uma parcela significativa dos custos operacionais. Imagine essas organizações utilizando sensores inteligentes, sistemas de gestão energética e análises imediatas para otimizar o consumo e ajustar diretrizes. Esse cenário já é uma realidade, com diversas inovações tecnológicas e sustentáveis ajudando a conter custos e emissões de carbono, assim como aperfeiçoar os fluxos.
No entanto, os benefícios da tecnologia digital não ficam restritos aos grandes players. Os prosumers, consumidores que também produzem energia, ajustam seu consumo e comercializam o excedente por meio de medidores inteligentes, plataformas de gestão e sistemas de armazenamento. Essa descentralização fortalece a resiliência, aproveitando ao máximo os recursos renováveis e alimentando um mercado em rápida expansão.
Nas redes elétricas, a digitalização é essencial para superar questões estruturais, como a intermitência das fontes renováveis. Redes inteligentes, alimentadas por dados em tempo real, equilibram oferta e demanda, enquanto transformadores, disjuntores e sistemas de armazenamento proporcionam a continuidade operacional em condições adversas. Mais do que ampliar a resiliência, essas soluções preparam as infraestruturas visando uma demanda crescente e assegurando que o fornecimento de energia seja sempre estável e efetivo.
Exemplos de sucesso não faltam. Na indústria química, caldeiras a gás estão sendo substituídas por sistemas elétricos mais eficientes, enquanto no setor automotivo processos inteiros estão sendo digitalizados, expandindo a produtividade e diminuindo o impacto ambiental. Essas iniciativas mostram como a combinação entre eletrificação e digitalização pode gerar ganhos significativos tanto para a eficácia quanto para a sustentabilidade.
Estamos diante de uma escolha importante. A digitalização vai além de ser uma tendência e é a base para uma transição bem-sucedida. Empresas que investem nessa transformação tecnológica, com foco em rendimento e resiliência, conseguem garantir sua relevância em um mercado global cada vez mais competitivo, contribuindo para um futuro mais limpo e responsável.