Por Julio Amorim, fundador da Great Group Estratégias Empresariais.
A governança corporativa no Brasil tem passado por transformações significativas, impulsionadas por novas regulamentações, avanços tecnológicos e uma crescente pressão por mais transparência e responsabilidade. No entanto, ainda existem desafios a serem superados para que a governança deixe de ser apenas um discurso e se torne parte da cultura organizacional.
Nos últimos anos, a governança corporativa brasileira evoluiu para um modelo mais transparente e digitalizado. O conceito de ESG (Ambiental, Social e Governança) se tornou um fator decisivo para investidores. Diante disso, as empresas começaram a enxergar a governança não apenas como uma exigência regulatória, mas como um diferencial competitivo.
Porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que essas mudanças se concretizem na prática. A governança corporativa está sendo fortemente influenciada por tendências globais. Entre elas, destacam-se:
- Crescimento da agenda ESG: empresas que adotam práticas sustentáveis atraem mais investimentos e têm maior valor de mercado.
- Transformação digital: tecnologias como blockchain e inteligência artificial estão revolucionando auditorias e compliance.
- Pressão por diversidade: investidores exigem conselhos mais diversos e representativos.
- Regulamentação mais rigorosa: o endurecimento de normas exige maior transparência e responsabilidade das empresas.
Desafios e oportunidades
A digitalização tem proporcionado mais controle e transparência, mas também revelou falhas nas práticas de governança. Tecnologias como inteligência artificial e blockchain ajudam a reduzir riscos e garantir maior segurança nas operações, mas exigem adaptação e capacitação das empresas.
Apesar dos avanços, as empresas brasileiras ainda enfrentam desafios para implementar boas práticas, entre elas mudança de mentalidade, já que a governança ainda é vista como burocracia por muitas organizações. Também há resistência à transparência por algumas empresas que ainda relutam em abrir informações essenciais ao mercado.
A qualificação dos conselhos também é um desafio já que falta preparo para lidar com transformações tecnológicas e ESG. Outro ponto é o equilíbrio entre compliance e agilidade para manter a governança sem perder a capacidade de inovação.
As organizações que implementam boas práticas de governança têm vantagens estratégicas, como maior atratividade para investidores, credibilidade, reputação fortalecida, redução de riscos e de crises corporativas, melhoria na gestão e desempenho financeiro.
Tecnologias emergentes
A inteligência artificial pode revolucionar auditorias e compliance, identificando inconsistências de forma automatizada. Já o blockchain pode garantir maior segurança e confiabilidade em contratos e transações. Mas é importante reforçar que essas tecnologias só trarão impacto real se forem utilizadas de forma estratégica e integrada à cultura organizacional.
Plataformas digitais na interação com stakeholders, por exemplo, possibilitam interação ágil e transparente entre empresas, investidores e clientes. Isso permite tomadas de decisão mais eficientes e reforça a confiança no mercado.
O futuro da Governança Corporativa no Brasil dependerá da capacidade das empresas de colocar a governança em prática de forma consistente e estratégica.
A digitalização, a agenda ESG e a pressão por transparência continuarão moldando o cenário, e as organizações que tratarem a governança como um pilar essencial estarão mais preparadas para os desafios e oportunidades dos próximos anos.