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ESG na prática: como implementar sustentabilidade sem comprometer a rentabilidade

Foto: divulgação.

Por Frederico de Paula, conselheiro fiscal da ABRH-MG e gerente de gestão e serviços no Grupo Friopeças.

Nos últimos anos, o ESG (Environmental, Social, and Governance) deixou de ser um privilégio das grandes corporações e se tornou um fator estratégico para pequenas e médias empresas (PMEs). A adoção de práticas sustentáveis não só melhora a imagem desses negócios, mas também gera vantagens competitivas, como redução de custos e maior atração de investidores. No entanto, muitas PMEs ainda enfrentam dificuldades na implementação, principalmente pela falta de recursos. Essa é uma questão central: como incorporar o ESG de forma eficaz e sem comprometer a rentabilidade? A resposta está nos três pilares fundamentais do conceito de ESG, que oferecem um caminho estruturado para alcançar esse equilíbrio.

O conceito de ESG se baseia em três pilares fundamentais: ambiental (redução de impacto ecológico, eficiência energética), social (diversidade, relações trabalhistas, engajamento comunitário) e governança (transparência, ética e compliance). Estudos, como o da McKinsey & Company (2022), revelam que empresas com boas práticas ESG têm maior longevidade e desempenho financeiro superior. Para PMEs, isso significa que a sustentabilidade pode ser um diferencial valioso, desde que aplicada de forma inteligente.

Um dos primeiros passos para alinhar ESG à estratégia empresarial é realizar um diagnóstico inicial, identificando os impactos ambientais, sociais e de governança da empresa. Em seguida, é essencial definir metas realistas, como reduzir o consumo de energia ou implementar políticas de reciclagem. Pequenas ações podem ter grandes efeitos, especialmente quando há engajamento interno. Criar uma cultura de sustentabilidade entre colaboradores e parceiros é crucial para o sucesso das iniciativas.

Além disso, PMEs podem buscar parcerias com fornecedores sustentáveis, fortalecendo toda a cadeia de valor. Outra estratégia é explorar linhas de financiamento e incentivos voltados para projetos ESG, que ajudam a viabilizar investimentos iniciais. Empresas como a Korui, fabricante de absorventes ecológicos, e a Goóc, especializada em calçados sustentáveis, são exemplos de como práticas verdes podem abrir novos mercados e aumentar a competitividade.

Casos como o da PanoSocial, que utiliza tecidos reciclados e mão de obra de reinserção social, e da Zebu Móveis, que prioriza madeira certificada, mostram que é possível conciliar sustentabilidade e rentabilidade. Já a Tekoha, que trabalha com alimentos orgânicos e produtores locais, prova que o impacto social positivo pode andar de mãos dadas com o sucesso financeiro. Esses exemplos reforçam que o ESG não é um custo, mas um investimento estratégico.

Para PMEs, o segredo está em começar com ações simples e escalonáveis, monitorando resultados e ajustando estratégias conforme a evolução. A transparência nas práticas também fortalece a confiança de clientes e investidores, criando uma reputação valiosa no mercado. Empresas que adotam ESG de forma consistente tendem a se tornar mais resilientes, preparadas para crises e mudanças regulatórias.

A adoção de práticas ESG não precisa ser um custo adicional para as PMEs, mas sim uma oportunidade de diferenciação e crescimento sustentável. Empresas que incorporam ESG de maneira estratégica colhem benefícios financeiros, melhoram sua reputação e se tornam mais resilientes no mercado. O segredo está em começar com pequenas ações e expandir conforme os resultados se tornam evidentes.

Em um cenário onde consumidores e investidores valorizam cada vez mais negócios responsáveis, o ESG se consolida como uma ferramenta poderosa para o crescimento sustentável das PMEs. Mais do que uma obrigação, é uma oportunidade de inovação e diferenciação. O desafio não está em se implementar, mas em como fazer isso de forma eficiente – e os casos de sucesso já mostram que o caminho é viável e recompensador.

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