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Megacondomínios: a nova face do urbanismo

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THINK b/AdobeStock

Nos últimos anos, o fenômeno dos megacondomínios – construções com, no mínimo, mil apartamentos – tem transformado o cenário urbano brasileiro, sobretudo em São Paulo, onde a verticalização e a concentração de unidades habitacionais configuram verdadeiras “cidades dentro da cidade”. Com um crescimento de 75% desses empreendimentos, apenas na capital paulista, nas últimas duas décadas, esse modelo habitacional se mostra cada vez mais relevante na pauta dos municípios, impondo desafios para a gestão desses espaços.

Esses empreendimentos dividem-se, em linhas gerais, em duas vertentes. De um lado, os condomínios-clube, localizados em áreas nobres, que investem pesadamente em infraestrutura de lazer e serviços – como praças, padarias, mercados, restaurantes, farmácias e até salões de beleza – proporcionando aos moradores uma experiência segura e quase autossuficiente.

Por outro lado, encontram-se os condomínios econômicos, geralmente situados em regiões periféricas, que oferecem unidades mais compactas e menos equipadas (inclusive em número de garagens), obrigando os residentes a sair da “cidade” e fazer grandes deslocamentos para atividades básicas. O papel das prefeituras é fundamental nesses casos para buscar suprir as necessidades da comunidade que ali se formou, como acesso ao transporte público, a unidades de saúde e ao comércio voltado à alimentação.   

Independentemente do tipo de megacondomínio, a administração desses gigantes urbanos exige uma abordagem que vai além da convencional para lidar com a complexidade de gerenciar milhares de unidades. Nesse contexto, a tecnologia desponta como uma ferramenta indispensável para aprimorar a gestão condominial. Novos aplicativos vêm permitindo a integração de síndicos, moradores e funcionários, centralizando a comunicação e otimizando processos rotineiros. Um exemplo simples é o controle de entregas em portarias e torres. Há relatos de megacondomínios que recebem quase mil pacotes por dia e ferramentas digitais podem ser usadas para a organização e segurança no recebimento e destinação das correspondências e encomendas.

Imagine lidar com atrasos nos pagamentos da taxa condominial de centenas e até milhares de apartamentos? Essas plataformas têm contribuído significativamente para o enfrentamento do problema da inadimplência, porque automatizam a emissão de boletos, as notificações de cobrança e permitem fazer negociação e pagamento diretamente pelo app. Esse recurso facilita a rotina administrativa, dá mais transparência à gestão financeira e evita confrontos diretos entre síndico e morador, seja por mensagem, seja pessoalmente. 

Outro aspecto que vem ganhando a atenção dos moradores é a possibilidade de cadastrar animais de estimação e enviar alertas de fuga. É inegável que os pets estão ganhando espaço nos lares brasileiros, e muitos casais já optam por bichos ao invés de filhos. Um levantamento da uCondo mostrou que a cada 100 apartamentos, 13 têm animais de estimação. Para os megacondomínios, isso significa que são ao menos 130 animais vivendo no mesmo terreno, o que torna muito útil a identificação de cada um.

Está claro que a gestão dos megacondomínios pede um estudo mais atento aos processos que são corriqueiros nos condomínios convencionais. Mas devemos lidar com isso, porque essa é a nova face do urbanismo no país. O trabalho conjunto das prefeituras e administradoras é o caminho para que esses espaços se convertam em comunidades organizadas, seguras e conectadas à dinâmica da cidade.

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Sócio-cofundador da uCondo, empreendedor, investidor, mentor e autor do bestseller “Eu Empreendedor”

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