Por Matheus Tomoto, CEO e co-fundador da Universidade do Intercâmbio.
Por muito tempo, as oportunidades de estudar e fazer intercâmbio no exterior foram privilégios considerados “para poucos”. Décadas atrás, somente pessoas muito ricas ou aquelas que estudaram nas melhores escolas tinham a chance de adentrar em grandes universidades internacionais. Contudo, nos últimos dez anos, vimos uma grande transformação, com um aumento considerável nas bolsas de estudos disponíveis.
Atualmente, há mais de 920 mil vagas de bolsas de estudos integrais espalhadas pelo mundo, possibilitando aos brasileiros o acesso a uma formação de alto nível em diversos países, sem custos exorbitantes. Universidades nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Ásia e Oceania oferecem cursos de graduação, mestrado, doutorado, intercâmbios de idiomas e até estágios e pesquisas científicas com 100% de cobertura. A democratização das oportunidades internacionais, na verdade, já está acontecendo.
Mas o que ainda falta? Informação. Muitas instituições brasileiras não discutem essas possibilidades com seus alunos. E, em alguns casos, o sistema educacional e até mesmo as empresas parecem não ter interesse em divulgar essas alternativas. Talvez, por um temor de que mais pessoas consigam alcançar oportunidades sem a necessidade de grandes investimentos financeiros.
Contudo, no Brasil, já estamos levantando a bandeira de que, sim, é possível estudar fora com bolsa integral, sem precisar desembolsar valores absurdos, como os 80 mil dólares anuais exigidos por algumas universidades de ponta. E, para aqueles que desejam viver essa experiência, a preparação está mais acessível do que nunca.
Se compararmos as oportunidades de intercâmbio na atualidade com as gerações passadas, a diferença é gritante. Nos anos 1990, para ir a uma universidade renomada, como Harvard, era preciso ter grande poder aquisitivo, além de um networking bem estabelecido. Hoje, no entanto, podemos fazer cursos de Harvard online, diretamente da nossa casa, e sem nenhum custo. A própria instituição oferece conteúdos gratuitos na sua plataforma, com professores renomados e material didático de qualidade. Isso sem contar as milhares de bolsas de 100% abertas todos os anos para graduação, pós, mestrado, doutorado, estágios, pesquisa, programas de ensino médio e muito mais.
Neste sentido, a globalização proporcionada pela internet e pelas redes sociais abriu portas para possibilidades inimagináveis. As bolsas de estudos têm se tornado cada vez mais inclusivas, com vagas para pessoas provenientes de países em desenvolvimento, como o Brasil, onde ainda enfrentamos desafios como alta corrupção, baixos índices educacionais e poucas oportunidades para jovens.
Vale ressaltar ainda que à medida que as bolsas de estudo aumentam, também mudam os critérios de seleção. Atualmente, mais da metade do processo seletivo para bolsas internacionais leva em consideração a história de vida do candidato, seus sonhos, talentos e pontos fortes e fracos. Esse aspecto humanizado é uma verdadeira revolução quando pensamos que no Brasil ainda existe uma clara desigualdade, com candidatos de diferentes realidades sendo avaliados de maneira desigual. Imagine, por exemplo, o contraste entre um aluno que estudou em uma escola de elite, viajou o mundo e fala três idiomas, e outro que estudou em uma escola pública e nunca teve uma aula de inglês. Neste caso, por conta deste modelo, os brasileiros possuem mais chance de se destacar e conquistar oportunidades fora do país.
A disparidade social é, sem dúvidas, um dos maiores desafios. Acredito que o caminho é ampliar o acesso a oportunidades internacionais, oferecendo não só aos jovens, mas para todos, as ferramentas necessárias para se destacarem. Com mais informações, alinhadas à acessibilidade, podemos transformar a vida de muitos brasileiros, ajudando-os a alcançar o que antes parecia um sonho distante: uma educação internacional de qualidade, sem custos exorbitantes, e com um futuro promissor à frente.