Embora exista uma crença de que os livros não vendem mais como antes, as bienais do livro provam o contrário e têm se consolidado como importantes protagonistas na economia criativa brasileira, ultrapassando a função cultural para se transformar em grandes hubs de movimentação econômica e social. O mercado editorial no Brasil faturou cerca de R$ 3,8 bilhões em 2024, com um crescimento médio anual na casa dos 5%, segundo dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Esse crescimento expressivo reflete não só o aumento da venda de livros físicos e digitais, mas também o fortalecimento de eventos literários que movimentam toda uma cadeia produtiva: editoras, livrarias, gráficas, prestadores de serviços, autônomos e o turismo cultural como um todo.
Neste abril, tive o privilégio de lançar meu novo livro e participar da Bienal do Livro do Ceará, em Fortaleza, uma cidade que exemplifica o potencial transformador da cultura na economia local. O evento reuniu milhares de visitantes, autores, editoras e fornecedores, movimentando não apenas o setor editorial, mas também os setores de hotelaria, alimentação e transporte. Paralelamente, me preparo para o lançamento de uma antologia de poesia na Bienal Internacional do Rio de Janeiro no próximo junho, que é um dos maiores centros culturais do país, onde o mercado editorial movimenta anualmente mais de R$ 2,5 bilhões, praticamente 70% do faturamento nacional. O Rio reafirma o papel das bienais como vitrines estratégicas para a economia criativa no Brasil.
Além do impacto financeiro direto, as bienais exercem um papel crucial na democratização do acesso à literatura e na promoção da diversidade cultural. Elas incentivam a troca de conhecimento e a formação de leitores, que são consumidores essenciais para a sustentabilidade do mercado editorial. Esse ciclo virtuoso fortalece a indústria criativa, que, segundo o Observatório Itaú Cultural, representa cerca de 3,11% do PIB brasileiro e emprega mais de 7 milhões de pessoas formal e informalmente.
Indiscutível que os desafios persistem, como a necessidade de ampliar o apoio governamental e privado para o setor e a adaptação às transformações digitais que impactam o consumo cultural. No entanto, o crescimento sustentado demonstrado pelo mercado editorial e a expansão das bienais evidenciam que a cultura é um motor fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Investir nessas iniciativas é apostar em um futuro onde economia, criatividade e inclusão caminham lado a lado, gerando valor para toda a sociedade e reafirmando a importância da cultura como vetor de inovação e transformação.