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Nem só bots, nem só humanos: o equilíbrio da nova cibersegurança

Foto: divulgação.

Por Droander Martins, CEO da IPV7.group.

Durante muito tempo, o pentest foi — e ainda é — uma peça fundamental nas estratégias de proteção digital das empresas. Simular ataques, identificar vulnerabilidades e propor correções técnicas sempre foi uma forma eficaz de antecipar riscos e fortalecer defesas.

Mas o mercado evoluiu, e consequentemente, os riscos também.

Hoje, parte do que é oferecido como “pentest” em escala se apoia majoritariamente em processos automatizados, traduzidos em dashboards elegantes e relatórios prontos. Isso não significa que há algo errado com as ferramentas, muito pelo contrário, elas são essenciais. O ponto de atenção está em considerar esse processo automatizado como suficiente por si só.

Ferramentas são ótimas aliadas, mas não funcionam sozinhas.

Cibersegurança não é estática nem previsível. Ela exige mais do que uma varredura automatizada. Exige contexto, análise, interpretação e criatividade, tudo aquilo que, por enquanto, só um ser humano é capaz de oferecer com profundidade. Quando a análise vira apenas um processo mecânico, perde-se a inteligência que diferencia uma varredura técnica de uma investigação real sobre vulnerabilidades. E é aqui que a conversa muda.

Não se trata de abandonar o pentest, tampouco desacreditar as automações. Ambas continuam sendo importantes, especialmente para auditorias, análises pontuais e validações técnicas. Mas segurança de verdade vai além disso. Ela precisa ser contínua, colaborativa e adaptável.

É aí que entra o Bug Bounty.

Diferente de um modelo fechado e pontual, o Bug Bounty coloca empresas sob a lente de uma comunidade de especialistas que pensam como atacantes, mas atuam como aliados. São profissionais que usam automações, sim (inclusive IA e bots) mas com olhar crítico e intencional, buscando o que as ferramentas não conseguem ver sozinhas. Em outras palavras, é uma auditoria viva, em constante evolução.

O futuro da cibersegurança está na soma: inteligência humana + ferramentas bem aplicadas. A IA tem um papel importante nesse processo, mas ainda é uma peça, não o tabuleiro inteiro. Ela pode identificar padrões, mas ainda depende do fator humano para interpretar exceções e agir com criatividade diante do inesperado.

Bug Bounty não é substituto, é complemento. Empresas que apostam exclusivamente em ciclos pontuais de pentest estão deixando uma brecha importante: a falta de continuidade. Segurança precisa ser cultura e não só projeto. E para isso, o modelo tradicional precisa ser ampliado.

O futuro da cibersegurança não exclui nada, ele integra tudo. Bots, scans, pentests, IA e, principalmente, pessoas. O que muda é como isso tudo se conecta para proteger, de verdade, o que importa.

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