Por Paulo Silveira, managing partner da TGT ISG.
Muitas empresas acabam negligenciando a TI, deixando-a em segundo plano e fora do centro das principais decisões de negócios.
No cenário atual, alinhar TI às áreas de negócios não é mais um diferencial, mas uma necessidade para empresas que buscam se destacar em mercados competitivos. Isso exige que a TI tenha um papel ativo nas discussões estratégicas da empresa.
Dados da ISG mostram que mais de 90% dos projetos de TI com orçamento acima de US$ 10 milhões não atingem seu potencial máximo, com a falta de alinhamento sendo uma das principais causas.
O segredo está em uma compreensão mais clara e aprofundada dos objetivos de negócio, aliada ao envolvimento direto da TI desde os primeiros estágios estratégicos da organização.
Considero que esse processo pode ser feito em 7 passos:
1. Estabelecer uma missão desafiadora e compreender os objetivos da TI
Os líderes de TI devem ser agentes de transformação, indo além do suporte técnico para compreender prioridades e alinhar a TI aos objetivos estratégicos. É essencial liderar mudanças técnicas e humanas, garantindo que a TI se destaque como parceira estratégica.
A agilidade é crucial para antecipar tendências, adaptar-se rapidamente e evitar que a TI se torne um obstáculo à inovação. Comunicação clara, transparência e engajamento regular com outras áreas fortalecem a confiança e posicionam a TI como motor de inovação e crescimento organizacional.
2. Estabelecer conexões genuínas e próximas com as áreas de negócio
Construir uma relação sólida vai além de oferecer soluções técnicas; exige um diálogo contínuo e esclarecedor, em que conceitos complexos, como IA, sejam traduzidos de forma simples e acessível.
Apenas assim, TI e líderes de negócios podem desenvolver estratégias conjuntas, tecnicamente viáveis e alinhadas às necessidades empresariais.
Ouvir ativamente e aprender com os líderes de negócios é essencial. Pedir que compartilhem seus objetivos elimina incertezas e posiciona a TI como um parceiro estratégico, não apenas operacional. Esse diálogo permite à TI transformar necessidades em soluções tecnológicas que impulsionam resultados e fortalecem o sucesso organizacional.
A confiança é a base da parceria entre TI e negócios. Compreender o contexto, assumir responsabilidades e manter transparência são fundamentais. Alinhamento cria fluidez nas decisões, aumenta o apetite por riscos e torna as equipes mais ágeis e produtivas, enquanto sua ausência gera atrasos e conflitos.
3. Evite silos e adote uma postura proativa
Silos organizacionais são um sinal de problemas, dificultando a interação entre equipes, criando expectativas desalinhadas e comprometendo projetos. Quando a TI é reativa, focada apenas em resolver problemas pontuais, perde sua capacidade de inovar e impactar estrategicamente o negócio. Isso limita o valor entregue e as oportunidades de crescimento para a empresa e seus colaboradores.
Para quebrar esses silos, é essencial adotar uma abordagem proativa, participando ativamente do planejamento estratégico e promovendo uma cultura de colaboração e transparência. Empresas que criam espaços para alinhar TI e negócios em torno de objetivos comuns, como OKRs, estão um passo à frente. Medir o desempenho e ajustar as metas regularmente é crucial para manter a TI como um parceiro estratégico, ágil e eficaz.
4. Usar métricas claras
Adotar métricas sólidas e uma governança de dados eficaz é essencial para alinhar TI e negócios de forma sustentável. Medir o alinhamento com objetivos estratégicos e KPIs, comparando-os com os resultados reais, não apenas quantifica o sucesso, mas também identifica áreas que precisam de ajustes.
A colaboração, agilidade e satisfação dos stakeholders são indicadores chave que refletem o impacto estratégico da TI. Feedbacks regulares e revisões de desempenho garantem um alinhamento dinâmico, adaptado às mudanças do mercado.
5. Governança de dados eficiente
Além das métricas, uma governança rigorosa de dados mestres estabelece confiança e consistência nas informações da organização. Uma estrutura de governança robusta facilita decisões informadas, promovendo economias de custos e melhor gestão de riscos.
Organizações que investem na qualidade de seus dados não só se preparam para o futuro, mas também potencializam sua inteligência de negócios, criando uma vantagem competitiva sustentável .
6. Compartilhar insights e ideias regularmente, inspirando sua equipe
É crucial que a TI assuma um papel proativo em “educar” a empresa, especialmente a alta gestão, sobre o funcionamento, equívocos comuns, oportunidades e riscos das novas tecnologias. Propor caminhos claros ajuda a mitigar erros conceituais, reduzir ruídos de comunicação e alinhar expectativas. Contar com especialistas de mercado, como os da TGT, pode ser uma estratégia valiosa.
Reuniões estratégicas regulares entre TI e liderança são essenciais para discutir metas, desafios e oportunidades, garantindo que os projetos tecnológicos estejam alinhados aos objetivos de longo prazo do negócio. Esse diálogo promove entendimento mútuo sobre como a tecnologia pode impulsionar crescimento e inovação. Sem ele, os investimentos em TI podem ser mal direcionados ou perder prioridade.
Integrar profissionais de TI nas unidades de negócio facilita a criação de um idioma comum com a liderança empresarial, otimizando recursos e aumentando o valor gerado. Equipes de TI eficazes vão além de responder às demandas: elas antecipam necessidades, inovam e educam os líderes sobre tecnologias emergentes.
Com essa postura, a TI se posiciona como motor estratégico de competitividade e inovação, liderando a transformação digital.
7. Adotar a mentalidade de um líder de negócios
O verdadeiro alinhamento entre TI e negócios acontece quando os líderes de TI compreendem profundamente a organização e suas metas estratégicas.
Em vez de esperar ou agir com base em suposições, é essencial que a TI participe ativamente da tomada de decisões e antecipe problemas, apresentando soluções claras que impulsionem o sucesso.
Uma abordagem eficaz envolve a elaboração de um plano estratégico de TI com métricas claras e objetivas para medir o impacto das entregas tecnológicas e garantir o retorno sobre o investimento (ROI). Esse plano deve ser fundamentado nas prioridades estratégicas da organização, assegurando que cada iniciativa tecnológica esteja alinhada aos objetivos do negócio e gere valor de forma mensurável.
Além disso, é fundamental adotar uma mentalidade de gestão que posicione o departamento de TI como uma espécie de spin-off, com a responsabilidade de demonstrar resultados tangíveis ao longo do exercício. Isso requer operar com eficiência, manter transparência nos processos e resultados, e ajustar as iniciativas de acordo com as necessidades e feedbacks do negócio.
Com essa abordagem, a TI não apenas consolida sua posição como um parceiro estratégico, mas também fortalece sua credibilidade interna, criando um ciclo virtuoso de confiança, inovação e impacto positivo nos resultados organizacionais.
O líder de TI deve se adaptar à linguagem e às necessidades do negócio, em vez de esperar que os líderes empresariais compreendam a tecnologia. No entanto, para desenvolver iniciativas estratégicas de impacto, é indispensável contar com o apoio direto da alta gestão.
O dia a dia operacional tende a consumir grande parte da atenção e do tempo, o que pode desviar o foco de ações estratégicas cruciais. Um diálogo constante com os líderes de negócios, apoiado por um engajamento de nível estratégico, é essencial para construir confiança, alinhar prioridades e garantir que a TI esteja impulsionando o sucesso da organização de forma sustentável e inovadora.