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5 executivas conciliam a liderança com os desafios da maternidade

Fotos: Murilo Tobias/Divulgação

Mais de 70% das mães brasileiras participam ativamente do mercado de trabalho, segundo dados recentes do IBGE.

Em 2022, 56,6% das mulheres com filhos, entre 25 e 54 anos, estavam empregadas. Entre as que não têm filhos, esse índice sobe para 66,2%. Apesar dos avanços, equilibrar a maternidade com as exigências da liderança corporativa continua sendo um desafio.

Neste mês do Dia das Mães, 5 executivas de diferentes setores compartilham suas experiências sobre como é liderar equipes e negócios enquanto constroem, dia após dia, o papel de mãe. Elas mostram que não se trata de escolher entre carreira e família, mas de encontrar formas autênticas de conciliar os dois mundos, muitas vezes reformulando padrões e adotando modelos de gestão mais humanos.

Carolina Fernandes, CEO da Cubo Comunicação

Mãe solo e fundadora da Cubo Comunicação, Carolina Fernandes conduz sua empresa com a mesma dedicação que dedica ao filho, Lipe. Para ela, o equilíbrio entre carreira e maternidade não é uma constante, e tudo bem.

“É preciso aceitar que, em determinados momentos, uma área vai exigir mais atenção que a outra. O importante é fazer isso com consciência, o que ajuda a reduzir a culpa e torna o processo mais leve”.

Carolina acredita que a maternidade impactou diretamente seu estilo de liderança, fortalecendo habilidades como empatia, escuta ativa e inteligência emocional. Ao compartilhar sua trajetória, ela busca inspirar outras mães, mostrando que o empreendedorismo pode ser um caminho de autonomia e propósito, mesmo com seus desafios. Ela defende a ideia do “desequilíbrio consciente”: saber que, em certos períodos, será necessário priorizar uma área da vida, com a certeza de que, mais adiante, será possível reequilibrar as coisas.

“Isso torna tudo menos doloroso e reduz o sentimento de culpa, pois há intencionalidade nas escolhas”.

Lisandra Branco, fundadora e CEO da S8 Capital

Fundadora e CEO da S8 Capital, Lisandra Branco tem mais de 15 anos de experiência no setor financeiro, liderando estratégias para negócios nacionais e internacionais. Embora atue num campo conhecido pela sua complexidade e recompensas, a executiva revela que a maternidade é sua maior conquista.

“Você se torna responsável por outro ser humano e isso serve como combustível para alcançar patamares mais elevados como profissional. É preciso não enxergar a maternidade como um obstáculo na carreira e usá-la como o grande motivador na busca dos objetivos. As demandas são muitas e por vezes conflitantes, tem dias que é difícil deixar o filho em casa e sair para trabalhar, mas precisamos bancar nossas escolhas. O maior desafio é não se cobrar e saber que estamos fazendo o melhor que podemos diante das circunstâncias, tenho certeza de que no futuro nossos filhos entenderão nossas escolhas”.

Lisandra revela que se tornou mãe aos 19 anos e avalia o impacto da maternidade no início da sua carreira.

“À época, muito nova, recém ingressa na universidade, decidi que a minha única opção era dar certo profissionalmente, mas tive uma rede de apoio importante que me ajudou a chegar aonde cheguei. Hoje, após 17 anos e na minha segunda gestação, vejo como podemos encarar a maternidade como oportunidade para alcançar nossos objetivos. Ela me ensinou a reconhecer a minha força diante de desafios e a ser mais determinada na busca dos meus sonhos”.

Mariana Rosado, Diretora Jurídica da Droom Investimentos

Para Mariana Rosado, Diretora Jurídica da Droom Investimentos, ecossistema de aplicações financeiras em ativos judiciais, ser mãe e executiva é assumir dois papéis de maneiras únicas e, por vezes, contraditórias.

“O desafio é grande quando sinto que preciso viver duas versões de mim ao mesmo tempo: aquela que toma decisões estratégicas e aquela que enxuga lágrimas, carrega no colo e acompanha de perto o crescimento do meu filho. Não é simples transitar entre esses mundos. Ao longo da vida, precisei fazer escolhas, e sabemos que, a cada decisão, há uma renúncia. Muitas vezes, percebo expectativas de que sejamos mães como se não trabalhássemos fora, e executivas como se não tivéssemos filhos”.

Rosado reflete sobre a luta para ocupar todos os espaços desejados.

“É preciso muita coragem, dedicação e verdade porque os desafios e conflitos internos são diários. Para fugir da eterna culpa e manter o equilíbrio, desempenho esses papéis, e todos os outros que preciso cumprir, com a certeza de que estou fazendo o melhor que posso, com as ferramentas que tenho”.

Marília Rocca, CEO da Funcional Health Tech

CEO da Funcional Health Tech, pioneira e líder em programas de acesso e adesão no Brasil, Marília Rocca acredita que a chave para conciliar a vida executiva com as responsabilidades maternas é fazer as pazes consigo mesma e abandonar a tentativa de buscar uma equação que agrade aos outros.

“Quando deixei de me preocupar com o que os outros iam pensar sobre o fato de eu ter que viajar com frequência ou perder reuniões de pais na escola, e passei a observar apenas as minhas filhas e encontrar uma receita que funcionasse para elas e para mim, me tornei uma mãe melhor. Substituí, por exemplo, a ausência de alguns dias por um tempo de qualidade melhor e exclusivo com elas em outros momentos e passei a realizar reuniões individuais com as professoras para não perder a oportunidade de saber como estavam indo em sala de aula. Cada criança e cada casa tem suas necessidades, e as mães também. Por isso, encontrar flexibilidade para navegar nestas demandas com menos culpa tornou tudo mais leve e feliz, mesmo que não perfeito. Aliás, a perfeição não existe”.

Nara Iachan, CMO e cofundadora da Loyalme by Cuponeria

Nara Iachan, CMO e cofundadora da Loyalme, startup que nasceu dentro da Cuponeria para oferecer soluções de fidelização, acredita que ser mãe e ocupar um cargo de liderança são papéis que se entrelaçam e trazem aprendizados valiosos para a vida profissional e pessoal.

“Ser mãe de um bebê de dois meses e, ao mesmo tempo, liderar uma equipe é um desafio diário, mas também uma experiência de crescimento enorme. Aprendi a estabelecer prioridades, a delegar mais e a confiar ainda mais no meu time. A maternidade me ensinou a ter mais empatia, paciência e valorizar cada momento, mesmo em dias agitados”.

Para ela, mais do que uma data comemorativa, o Dia das Mães é um convite à reflexão sobre a força, entrega e a capacidade de adaptação das mulheres que equilibram múltiplas jornadas e, mesmo assim, seguem construindo histórias de impacto.

“A maternidade me transformou profundamente, fazendo com que eu enxergasse o trabalho e a vida com uma perspectiva mais humana, onde a escuta e a flexibilidade se tornaram tão essenciais quanto qualquer meta”, finaliza.

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