Por Ronaldo Tenório, CEO e cofundador da Hand Talk.
O entendimento sobre finanças ainda é um desafio para a maioria dos brasileiros, como mostram as estatísticas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC): oito em cada dez famílias que ganham até três salários mínimos estão endividadas.
Quando falamos sobre pessoas com deficiência — que representam 18,6 milhões de brasileiros, segundo o PNAD 2022 —, as barreiras de acessibilidade tornam esse conhecimento ainda mais restrito. E, no caso das pessoas surdas, que compõem cerca de 5% da população brasileira, a Libras (Língua Brasileira de Sinais) precisa ser considerada, já que, para muitas delas, é a sua primeira ou única língua.
Inclusão na educação financeira: acessibilidade na prática
Em uma pesquisa feita pelo Investindo em Libras, 43% dos entrevistados surdos já sofreram golpes financeiros. Este dado, compartilhado no evento Café Acessível TD Impacta, não reflete uma falta de interesse ou de capacidade dessas pessoas entenderem finanças, mas sim que não estamos comunicando essas informações de maneira acessível e apropriada para elas.
A comunidade surda precisa de acesso à informação, inclusive de termos financeiros: sites do setor financeiro registraram mais de 48 milhões de traduções de termos para Libras realizadas pela nossa solução Hand Talk Plugin só em 2024.
Garantir que conteúdos desse tema estejam disponíveis em Libras nas páginas web não é apenas uma questão de equidade. É uma oportunidade concreta de construir uma sociedade mais justa e inclusiva, promovendo a acessibilidade na prática.
A tecnologia já faz parte das finanças. E a inclusão?
Pix, bancos digitais, QR Codes para pagamentos, aplicativos de controle financeiro: o universo das finanças já foi profundamente transformado pela tecnologia. Agora, é a inclusão que precisa acompanhar essa evolução.
Ao oferecer acessibilidade para pessoas com deficiência, as empresas do setor financeiro conseguem, além de gerar impacto positivo, ampliar o alcance das suas soluções para um grupo ainda maior, fortalecer sua marca, praticar os princípios ESG e utilizar a tecnologia de forma verdadeiramente inovadora e responsável.
Acessibilidade é oportunidade e estratégia. Existem milhões de pessoas que querem se conectar com as marcas, negócios e produtos; porém, não têm acesso. Pensando nisso, fico feliz em compartilhar que desenvolvemos um espaço dedicado à educação financeira no Hand Talk App. Nosso aplicativo, que oferece um acervo enorme de sinais em Libras e ASL, agora conta com um Dicionário Financeiro exclusivo e um Vídeo Educativo sobre o tema, com o potencial de impactar 12.000 pessoas mensalmente.
Primeiro dicionário financeiro em Libras do país
Produzidos através do TD Impacta, em parceria com a B3, Tesouro Direto e Artemisia, estes lançamentos contaram com a colaboração de especialistas e linguistas da comunidade surda. Ter esses grandes parceiros ao nosso lado foi essencial para criar um ecossistema mais forte para a acessibilidade digital.
O Dicionário conta com centenas de sinais, entre simples e complexos, com visualização em 360.° Já o Vídeo Educativo, estrelado pelo nosso tradutor virtual Hugo, ensina mais de dezenas de sinais que explicam conceitos fundamentais de finanças e investimentos. Acreditamos que informação acessível e educação inclusiva, aliadas à tecnologia, podem transformar vidas. Aprender sobre finanças é essencial para tomar decisões com mais autonomia.
Dar o primeiro passo rumo à acessibilidade não é complexo. É uma jornada que precisa ser pensada desde o início de cada projeto, ideia ou construção. Transformamos a inspiração em ação para construir um futuro mais próspero, sustentável e acessível para todos.