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Responsabilidade social corporativa: empresas que transformam o mundo

Foto: divulgação.

Por Daniel Moral, CEO e cofundador da Eureka Coworking.

Grande parte dos avanços rumo a uma sociedade mais consciente e equilibrada tem sido impulsionada pela RSC (Responsabilidade Social Corporativa), prática que incentiva organizações a repensarem seu impacto e contribuírem de forma concreta para o bem coletivo.

Ao pensarmos em transformar o mundo num lugar melhor, é comum associarmos isso a uma missão pessoal ou idealista. Mas essa transformação não é, e nem deve ser, um esforço isolado.

Ela também passa pelas empresas. Todas as organizações, de todos os portes e segmentos, podem buscar formas de construir um futuro mais colaborativo, humano e sustentável.

Antes de mais nada, vamos contextualizar e entender exatamente o que é uma organização socialmente responsável. Basicamente, são aquelas que não pensam apenas em lucrar e cumprir uma jornada de crescimento clássica, mas em cuidar de todos os indivíduos e espaços que estão à sua volta.

Ou seja, atuam com ética e respeitam as pessoas e o planeta em que vivemos, investindo em áreas como educação, diversidade, inclusão, saúde, causas ambientais e cultura.

Não existe fórmula única para isso. A responsabilidade social parte do “coração” da empresa, de forma que cada um dos seus movimentos esteja ligado a valores que, para a mesma, são inegociáveis.

Até por isso existem três pilares que ajudam as companhias a direcionar as suas estratégias nesse sentido: “responsabilidade ambiental”, “responsabilidade econômica” e, também, “responsabilidade, desenvolvimento e apoio social”.

O primeiro mira na preservação do meio ambiente. Na prática, estamos falando de ações que vão desde o uso de fontes de energia limpa até a redução de resíduos nas operações.

Já o segundo visa incentivar o crescimento sustentável e saudável, principalmente por meio de estratégias de longo prazo e que não prejudicam o mercado em geral. Empresas que fomentam a geração de empregos, por exemplo, são grandes representantes desse tópico.

Por fim, o último pilar é o que visa impulsionar a vida das pessoas que vivem na nossa sociedade, especialmente a de integrantes de grupos minoritários. Não à toa, as companhias que firmam parcerias com instituições que contribuem para auxiliar comunidades vulneráveis são boas provas de como alcançar esse objetivo.

Relação entre RSC e RSE

Vale mergulharmos ainda mais a fundo nos termos RSC e RSE porque, apesar de muito semelhantes de forma geral, possuem algumas diferenças que acabam sendo complementares. Em resumo, o primeiro olha para dentro e o segundo expande essa visão para fora.

Ou seja, a RSC tende a ser associada às ações internas das companhias, abordando principalmente as equipes. Ela engloba iniciativas que promovem o bem-estar dos colaboradores, a diversidade e inclusão no ambiente de trabalho, programas de capacitação, práticas de governança ética e medidas que reforcem uma cultura organizacional saudável.

A ideia central da Responsabilidade Social Corporativa é garantir que a empresa seja socialmente responsável no seu cotidiano, influenciando positivamente quem faz parte dela.

Já a RSE leva em consideração o impacto desses movimentos como um todo, incluindo para parceiros comerciais, clientes e a própria sociedade de forma geral.

Felizmente, temos visto que esses termos não são apenas conceitos estruturados ou palavras bonitas em listas que ninguém segue. Realmente há um esforço global de muitas organizações para fazer a diferença, com propósitos sólidos, inclusive dentro de casa.

De demandas urgentes a transformações reais

No mundo inteiro, diversas demandas passaram a exigir a estruturação de empresas socialmente responsáveis. Das mudanças climáticas às desigualdades, as companhias foram chamadas ao campo de ação para mudar tanto os cenários das suas regiões quanto os globais, lidando com urgências que impactam a todos nós.

Isso implica na necessidade de olhar para problemas específicos e buscar uma solução real.

Aqui na Eureka Coworking testemunhamos esse tipo de transformação acontecendo na prática recentemente, mostrando que o ambiente corporativo realmente pode agir em prol da sociedade.

Somos parceiros do Instituto Recomeçar, projeto da rede Gerando Falcões que apoia a reinserção de egressos do sistema prisional no mercado de trabalho. Na colaboração, oferecemos o espaço físico das nossas unidades, além de suporte para a realização de cursos, palestras, eventos e reuniões presenciais e virtuais.

No mês de abril, estruturamos um workshop gratuito com a organização em um dos nossos espaços em São Paulo, na Avenida Paulista, intitulado “Transformação e Foco: Caminhos para o Sucesso”. Foram reunidos mais de 40 egressos, com foco em proporcionar aprendizados para se reintegrarem ao mercado de trabalho.

E posso dizer: esse foi um dia para ficar na memória, justamente porque mostrou toda a força de um impacto real.

A começar pela oficina sobre inteligência emocional ministrada pelo conselheiro do Instituto Recomeçar e CEO da Cuattro Live & Digital, Gilberto Lopes. A fala do especialista sobre a jornada de reintegração profissional foi extremamente marcante, porque destacou a urgência de iniciativas que desafiam o estigma sobre egressos e apostam no potencial humano.

Os números do próprio instituto esclarecem um pouco da dimensão do tema. Cerca de 53% das pessoas atendidas são reincidentes quando chegam à organização, índice que cai para apenas 1% com a capacitação oferecida.

E a relevância desse dado só aumenta quando analisamos a situação do país: segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e o Observatório Nacional dos Direitos Humanos, a população carcerária ultrapassa 850 mil pessoas no Brasil, sendo que 54,8% desses indivíduos não completaram o Ensino Fundamental.

Auxiliar esse público a partir de qualificações rápidas e da promoção da geração de renda não é uma missão qualquer; é uma forma de transformar, de impactar a sociedade com rapidez e eficiência. O mundo se torna um lugar mais justo e inclusivo dessa forma, garantindo que todos tenham acesso a oportunidades reais e possam viver com dignidade.

E quando digo “habitantes” não me refiro apenas aos egressos em si. Nesse caso, a reintegração não afeta só o indivíduo, mas também tem efeito direto sobre sua família e comunidade, já que, quando se rompe com a criminalidade, a chance dos seus filhos se envolverem com atividades ilegais diminui muito.

Ou seja, esse tipo de iniciativa ressalta o quanto a responsabilidade social das empresas pode ajudar a provocar um efeito dominó de benefícios e transformações verdadeiras para o mundo. Isso não tem preço.

Rumo ao ESG

Iniciativas como o workshop com o Instituto Recomeçar, com impacto mensurável, sinalizam uma mudança concreta nos rumos da responsabilidade social corporativa: o desenvolvimento do ESG (sigla em inglês para “Ambiental, Social e Governança”).

Nos últimos anos, essa expressão se tornou uma das mais valorizadas em praticamente todos os setores, principalmente por conta da busca por uma reputação correta, que se adequa às exigências do público moderno; e pelas tendências de mercado, já que investidores e potenciais parceiros olham com atenção para o tema.

No entanto, se pararmos para recapitular a sua história, vamos lembrar que o termo ESG foi criado em 2004, pelo Banco Mundial em parceria com o Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas) e instituições financeiras de nove países.

A importância que foi adquirindo ao longo dos anos é justamente pelo fato de usar métricas para avaliar as empresas nos sentidos ambientais, sociais e de governança. Ou seja, estabelece critérios para alinhar a performance do negócio a assuntos que são de interesse global.

Se voltarmos para as RSEs, o cenário muda um pouco, porque estamos falando de empresas que contribuem de forma voluntária para essas questões. Portanto, basicamente possuem boas práticas porque têm lideranças responsáveis e foram fundadas com base em propósitos sólidos.

Então, em resumo, o ESG é uma espécie de “RSE 2.0”, que se tornou indispensável para os dias atuais. Colocar a importância de mudar o mundo em números é o caminho para transformar o futuro.

É a garantia de que um compromisso para com as pessoas e o planeta será abraçado pelas empresas, formando uma verdadeira comunidade corporativa que preza pela transformação real.

A preocupação com aspectos humanos e ambientais é o caminho para o crescimento, seja o pessoal, o profissional ou o empresarial. As organizações que entenderem a relevância desse grande movimento estarão mostrando para aquelas que ainda não fazem isso o quanto podem impactar os seus negócios com esse olhar.

Ser socialmente responsável não é um fardo, é uma oportunidade poderosa de fazer o que é certo, gerar valor e deixar um legado. Que mais empresas se inspirem e façam parte desse movimento. O impacto coletivo é o que realmente transforma o mundo.

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