Em 2024, os investimentos em startups brasileiras voltaram a crescer, com um salto de 259% no volume de aportes em relação a 2023, de acordo com dados do Consultor Jurídico.
Apesar do cenário promissor, Priscila Ferreira, advogada empresarial, especialista em Direito das Startups e CEO da infer assessoria, alerta que ter uma boa ideia ou um produto inovador não basta para atrair investidores. Segundo ela, o sucesso depende de uma preparação estrutural sólida, tanto no aspecto jurídico quanto no criativo.
Para ela, um dos maiores erros dos empreendedores é negligenciar a construção da identidade da marca e a proteção dos seus ativos intangíveis.
“A identidade criativa de uma startup é parte do seu valor percebido. Marcas bem construídas e protegidas viram ativos na negociação com investidores. Airbnb e Nubank, por exemplo, apostaram desde cedo no design e na narrativa como diferenciais estratégicos”.
Confira quatro dicas essenciais para startups que querem se destacar e garantir rodadas de investimento:
1. Proteja sua marca desde o primeiro dia
O registro de marca não é um detalhe burocrático, é um ativo estratégico. Segundo a World Intellectual Property Organization (WIPO), mais de 60% do valuation de uma startup moderna está ligado a ativos intangíveis como marca, design, software e branding. Ignorar isso pode significar perda de valor e até de mercado.
2. Tenha uma estrutura jurídica robusta
Contratos bem elaborados, acordos societários claros, definição de propriedade intelectual e proteção de dados são diferenciais competitivos.
Um ponto fundamental: o ideal é que o registro de propriedade intelectual, seja a marca, ou qualquer outra espécie, seja feito diretamente no CNPJ da startup, e não no CPF de um dos founders, para evitar confusões patrimoniais e disputas futuras.
O relatório Startup Genome 2023 aponta que mais de 70% das startups que fracassam não o fazem por falta de produto, mas por falhas estruturais e jurídicas.
3. Construa uma narrativa forte e consistente
Startups que investem na construção de uma identidade visual e verbal consistente, alinhada com seus valores e propósitos, geram mais confiança no mercado. Segundo a Harvard Business Review, empresas com portfólios de propriedade intelectual bem organizados têm 25% mais chances de atrair rodadas de investimento.
4. Exemplos que inspiram: aprenda com quem faz certo
A Mombak, startup focada em soluções de reflorestamento, é um exemplo claro de como a combinação de uma estrutura jurídica sólida com uma proposta criativa bem posicionada pode gerar resultados. Em abril de 2025, a empresa levantou US$ 30 milhões em rodada Série A.
Além disso, possui contratos de offtake de carbono no valor de US$ 150 milhões, o que demonstra segurança jurídica e credibilidade no mercado.
O cenário da América Latina mostra que quem se estrutura capta mais. Segundo a Latin American Private Equity & Venture Capital Association (LAVCA), startups brasileiras com boa estrutura jurídica captaram, em média, 30% a mais do que aquelas sem formalização adequada.
“Quando falamos de investimento, estamos falando de risco. E investidores preferem negócios que demonstram segurança, profissionalismo e uma construção de marca bem fundamentada. É preciso tratar sua startup como empresa desde o primeiro dia”, finaliza.