Por Renato Moredo Ormeni, consultor de investimentos CVM da MZM Wealth.
Durante anos, a indústria de investimentos foi alimentada pela promessa de retornos excepcionais. Ainda hoje, muitos investidores iniciam sua jornada acreditando que o segredo está em encontrar “o melhor investimento”, aquele com maior rentabilidade, menor risco e que entrega resultados rápidos.
No entanto, esse foco excessivo em performance tende a alimentar um ciclo de ansiedade, insegurança e decisões impulsivas.
A obsessão pela rentabilidade, potencializada pelas redes sociais e pelo marketing financeiro, acaba obscurecendo o que realmente importa: a construção de um plano financeiro claro, coerente com os objetivos e capaz de trazer tranquilidade.
Segundo dados da ANBIMA, 52% dos brasileiros sentem alto nível de estresse ao lidar com suas finanças. E não é por falta de esforço ou ambição, é por falta de direção.
A consultoria financeira, quando bem estruturada, não deve se restringir a buscar ganhos extraordinários. Seu verdadeiro valor está em ajudar o investidor a compreender onde está, onde quer chegar e como trilhar esse caminho com segurança.
Um plano financeiro bem feito organiza prioridades, calcula riscos reais e dá previsibilidade, elementos que, somados, geram aquilo que falta à maioria dos brasileiros: paz financeira. Essa paz não significa ausência de problemas, mas sim a capacidade de enfrentá-los sem desespero.
Assim como o equilíbrio emocional não se baseia em eliminar desafios da vida, o equilíbrio financeiro não depende de acertar o “investimento da vez”, mas de ter clareza para decidir com confiança, mesmo diante das incertezas do mercado.
Dados do SPC Brasil mostram que 8 em cada 10 brasileiros não sabem como controlar suas próprias despesas. A falta de organização financeira não só compromete o presente, como afeta diretamente a saúde mental.
Uma pesquisa da Onze apontou que 74% das pessoas associam saúde financeira com bem-estar emocional.
E quando se analisa o comportamento dos investidores mais arrojados, como os day traders, o cenário é ainda mais alarmante: segundo estudo de Giovanetti, Chague, e De-Losso, apenas 1% desses investidores são lucrativos de forma consistente.
O que esses números revelam é simples: sem planejamento, até a maior rentabilidade perde valor. O que realmente constrói liberdade financeira é o conhecimento aliado à segurança de saber por que cada escolha está sendo feita. Ao invés de perguntar “qual é o melhor investimento?”, talvez o investidor devesse começar com: “qual plano me dá segurança para viver com tranquilidade e propósito?”.
A resposta, quase sempre, não está no ativo mais rentável, mas no alinhamento entre metas, perfil e estratégia.