Por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para América do Sul.
No contexto da COP30, empresas de todos os setores são desafiadas a ir além de ações pontuais, mas o que muitas ainda não percebem é que a verdadeira e mais profunda transformação começa com o capital humano. A construção de um futuro mais sustentável passa, inevitavelmente, pela atração, desenvolvimento e retenção de profissionais e líderes alinhados a essa visão.
As discussões no meio empresarial evoluíram significativamente. Enquanto a consciência ambiental ganha força na sociedade, cresce também a cobrança por parte de consumidores, investidores e, fundamentalmente, de talentos. Não se trata apenas de conformidade, mas de um poderoso driver de inovação, reputação e de atração.
Profissionais qualificados, especialmente as novas gerações, buscam propósito e valorizam organizações com agendas sólidas e transparentes. Companhias que demonstram compromisso genuíno com o meio ambiente se tornam, naturalmente, empregadoras de escolha, atraindo e retendo os melhores profissionais em um mercado cada vez mais competitivo. É um ciclo virtuoso: o propósito atrai o talento, e o talento impulsiona o propósito.
Toda e qualquer empresa exerce um impacto ambiental e social, seja por meio do consumo de energia, da cadeia de fornecedores ou da operação cotidiana. Reconhecer essa influência é o primeiro passo para assumir responsabilidade. Contudo, ir além das pequenas ações operacionais requer uma transformação de mentalidade que começa nas pessoas.
A sustentabilidade exige novas habilidades nas lideranças e equipes. E não basta ter metas, é preciso ter gestores e times capazes de implementá-las, com pensamento sistêmico, capacidade de inovação verde, inteligência de dados e, sobretudo, habilidades de comunicação para engajar todos os stakeholders. Observamos uma crescente demanda por esses profissionais, que não apenas compreendem a agenda, mas a vivem e a impulsionam dentro das organizações.
Na Robert Half, temos a consciência de que toda ação importa, e que o somatório de atitudes consistentes é o que constrói impactos relevantes. Adotamos uma política ambiental pautada em responsabilidade real e, desde abril de 2023, por exemplo, já plantamos mais de 7.600 árvores no Brasil como forma de compensar as emissões de CO₂ relacionadas a nossos eventos e atividades – o equivalente à área de 10 campos de futebol.
Dentro de casa, nossa cultura se reflete na implementação de medidas práticas que podem servir de inspiração para outras companhias interessadas em começar ou evoluir nessa jornada:
- Coleta seletiva nos escritórios;
- Coleta de tampinhas, lacres e pilhas, para reaproveitamento e descarte consciente;
- Substituição de copos plásticos por copos e xícaras reutilizáveis ou biodegradáveis;
- Redução da utilização de papel, com o apoio de ferramentas de assinatura digital e de empresas de arquivo em nuvem.
Além dos benefícios ambientais claros, essas ações geram maior engajamento interno, promovendo senso de pertencimento e alinhamento de valores entre os times. Isso reforça a importância de uma cultura interna que precede e acompanha as mudanças externas.
Mas o impacto vai além das nossas paredes. Em nossa operação principal de recrutamento, contribuímos ativamente com o meio ambiente ao:
- Posicionar talentos para a economia verde e ao ajudar empresas a encontrar profissionais para setores em crescimento, como energias renováveis e tecnologias sustentáveis;
- Influenciar a formação de líderes;
- Promover a inclusão ao apoiar a construção de ambientes de trabalho emocionalmente seguros;
O futuro do trabalho no Brasil, impulsionado por marcos como a COP30, exigirá uma mentalidade de adaptação e requalificação contínua tanto de profissionais quanto das companhias. Trata-se de construir um futuro em que as organizações serão, de fato, agentes de impacto positivo, o que exige uma geração de trabalhadores com nova mentalidade, capazes de integrar uma agenda sustentável em todas as decisões de negócio.
Nosso papel é conectar esses profissionais qualificados, garantindo que as empresas estejam preparadas para os desafios e oportunidades de um mercado cada vez mais consciente. Afinal, o planeta floresce quando o propósito encontra os talentos certos.