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Inovar agora é regra: a mentalidade que molda o futuro do empreendedorismo

Foto: divulgação.

Por Thales Zanussi, fundador e CEO do Mission Brasil.

Um a cada quatro brasileiros está envolvido com empreendedorismo, segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2024). São cerca de  47 milhões de brasileiros nessa condição. A cifra impressiona não apenas pelo alto volume, mas pelo que ele representa: milhões de histórias e famílias movidas pelo desejo de construir, prosperar e gerar impacto através de negócios.

Acredito que essa seja até uma das fases mais vibrantes do Brasil, marcada por ousadia e uma nova geração que está reinventando o cenário dos negócios. No entanto, há de se destacar também que, diante de um cenário tão povoado, a competição torna-se mais exigente. Muito além de esforço e dedicação, um negócio promissor não se sustenta se for construído somente de elementos básicos. Em um mercado competitivo, bom atendimento e produto de qualidade são o mínimo. A inovação é o que, de fato, diferencia. 

Perante um ambiente digitalizado, onde as mudanças são constantes e as necessidades dos consumidores se transformam rapidamente, inovar passou a ser base para qualquer negócio ao mesmo tempo que, de tanto ser usada sem fundamento efetivo, parece quase uma palavra sem significado verdadeiro. 

Por isso mesmo, aqui vale um adendo. Quando falo de inovação nesse contexto mercadológico, não quero dizer que é imprescindível reinventar a roda. Mas sim, manter-se atualizado e em constante atenção para o que o mercado precisa e anseia. A inovação aqui é o elemento que sustenta o crescimento sustentável, a relevância no mercado e a capacidade de adaptação frente às incertezas.

Falo com propriedade porque vivi essa realidade na prática. Aos 23 anos, me vi diante de uma dívida milionária e de um negócio sem perspectivas, após a saída repentina de um investidor. Naquele momento crítico, não havia espaço para lamentos, apenas ação. Foi preciso mergulhar no mercado, compreender novas demandas e reimaginar caminhos. A inovação, nesse contexto, não veio de uma grande tecnologia disruptiva, ou de um produto revolucionário, mas da capacidade de enxergar oportunidades onde antes só existiam obstáculos. 

É preciso desmistificar a ideia de que inovar está restrito às grandes corporações ou aos setores altamente tecnológicos. O conceito decorre, sobretudo, de uma postura diante do mundo. É sobre desenvolver uma mentalidade adaptativa, cultivar uma visão de futuro e transformar problemas em solução e oportunidades. Pequenas empresas, empreendimentos familiares ou negócios de bairro também podem, ou melhor, devem inovar em seus processos, modelos e estratégias. A criatividade e a capacidade de reinvenção são ativos acessíveis a todos.

O mercado já reconhece essa importância. Segundo o Sebrae, 44% dos empresários brasileiros afirmam que inovar foi fundamental para manter seus negócios competitivos nos últimos anos. Reforçando essa constatação, um levantamento do portal E-Investidor revela que empresas com mentalidade de crescimento têm 62% mais chances de ampliar sua receita em comparação àquelas que operam apenas na lógica da manutenção. 

Adotar uma mentalidade de crescimento é entender que a transformação precisa ser uma constante. Resistir à mudanças hoje é comprometer a sustentabilidade do negócio amanhã. O empreendedor que se agarra ao modelo ou produto que funcionou um dia, sem abrir espaço para a renovação, fecha as portas para novas possibilidades. Modernizar é, antes de tudo, aceitar que o sucesso duradouro exige movimento, aprendizado contínuo e coragem para sair da zona de conforto.

O futuro dos negócios será dos inquietos, dos que ousam pensar diferente e se adaptam mais rápido. Para quem empreende em um mercado dinâmico e tecnológico como o atual, a inovação precisa estar presente em cada decisão, em cada processo e em cada plano de crescimento. Prosperar em um cenário tão competitivo não diz respeito a ter todas as respostas, mas manter a disposição de fazer novas perguntas.

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