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Por que o IGA precisa deixar de ser burocrático para se tornar estratégico

Foto: divulgação.

Por José Roberto Rodrigues, Country Manager & Alliances Manager LATAM da Adistec.

A velocidade dos negócios digitais não perdoa lentidão — especialmente quando falamos de segurança. Em um cenário onde acessos são criados, modificados e revogados num piscar de olhos, depender de processos manuais e burocráticos para gerenciar identidades é um convite ao risco. É nesse ponto que a governança de identidade — ou IGA na sigla em inglês (Identity Governance & Administration),— deixa de ser apenas uma demanda de compliance e assume o papel de guardião estratégico da segurança corporativa.

O modelo tradicional de IGA, muitas vezes visto como algo “para cumprir tabela” em auditorias, não dá mais conta da complexidade atual. A migração massiva para a nuvem, o crescimento do trabalho híbrido e a proliferação de ferramentas SaaS ampliaram exponencialmente o número de identidades e pontos de acesso dentro das empresas. O resultado? Um cenário perfeito para brechas, acessos indevidos e movimentos laterais silenciosos por parte de invasores.

De acordo com um estudo recente da Gartner (2024), empresas que modernizaram seus processos de IGA com automação e análise comportamental conseguiram reduzir em até 40% o tempo médio de resposta a incidentes envolvendo credenciais comprometidas. Mais do que um número, isso representa uma mudança de paradigma: o IGA moderno atua de forma preditiva, não apenas reativa.

E essa evolução não é teórica. Já começamos a ver, na prática, iniciativas com uso de inteligência artificial para análise contínua de riscos baseados em comportamento de usuários, além da integração com soluções de privileged access management e zero trust. A governança de identidade deixa de ser uma caixinha isolada e passa a compor um ecossistema integrado de cibersegurança.

Recentemente, participei de discussões com líderes do setor em um evento global sobre segurança de identidade. A tônica era clara: não se trata mais de “quem tem acesso ao quê”, mas sim de “quem deve continuar tendo acesso, por quanto tempo, e com qual nível de privilégio”. As perguntas mudaram — e o IGA precisa responder em tempo real.

Essa mudança de perspectiva também tem guiado as conversas e reflexões no ecossistema de parceiros e fabricantes com os quais atuamos. Temos observado um interesse crescente por abordagens mais integradas e adaptáveis de IGA, capazes de refletir a complexidade dos ambientes corporativos atuais e, ao mesmo tempo, trazer agilidade e controle para as equipes de segurança.

Governança não precisa ser sinônimo de morosidade. Quando bem implementado, o IGA se transforma em uma engrenagem que viabiliza a inovação com segurança. Porque, no fim das contas, proteger acessos com eficiência é garantir que o motor digital da empresa continue rodando sem travar — e sem ser invadido.

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