Por Silvinei Toffanin, fundador e sócio da DIRETO Group.
Proteger o patrimônio de uma empresa vai muito além da segurança física de ativos tangíveis.
No cenário atual, em uma sociedade marcada pela hiperconectividade, pela volatilidade econômica e por riscos crescentes de natureza cibernética e física, é fundamental traçar estratégias inteligentes e customizadas, que reforcem desde a segurança digital até a reputação corporativa.
Atualmente, as ameaças externas são diversas. Hackers, concorrência desleal, espionagem industrial, fraudes financeiras, instabilidade política e desastres naturais exigem um olhar estratégico e multidisciplinar, além de estratégias próprias para garantir a preservação e a sustentabilidade do patrimônio empresarial a longo prazo.
Embora o mercado ofereça ferramentas e consultorias especializadas em gestão de riscos e segurança patrimonial, confiar exclusivamente nessas soluções pode não ser suficiente. Afinal, as empresas possuem estruturas, culturas organizacionais e setores de atuação distintos.
Diante disso, para estruturar uma estratégia eficaz é preciso ter aquele olhar interno, próprio de quem conhece e entende as vulnerabilidades próprias daquela companhia e segmento de atuação.
Para começar, é necessário fazer um mapeamento de ativos críticos. Isso envolve a avaliação de instalações, dados, propriedade intelectual, capital humano, redes de suprimento, entre outros.
Em seguida, é essencial realizar uma análise de risco personalizada, com a identificação das ameaças externas mais prováveis, considerando o setor, a localização geográfica e o ambiente regulatório, que permeiam o negócio.
Assim, para desenvolver estratégias próprias, realmente eficazes, recomendamos atenção, por exemplo, à questão da cibersegurança. Afinal, hoje, os dados são o novo petróleo. A proteção contra ataques cibernéticos precisa ir além da instalação de antivírus ou firewall.
As empresas devem investir em auditorias internas de segurança digital; desenvolver políticas próprias de acesso a dados e controle de dispositivos; promover treinamentos contínuos para colaboradores sobre boas práticas digitais e criar protocolos personalizados de resposta a incidentes. Uma ressalva importante: a cultura de cibersegurança deve estar enraizada na governança da empresa.
Também devemos pensar a respeito da Blindagem Jurídica e Compliance. A blindagem patrimonial exige atenção jurídica e as estratégias próprias devem incluir: estruturação societária adequada para isolar ativos estratégicos; contratos personalizados que protejam propriedade intelectual e acordos comerciais; além de programas internos de compliance regulatório e ético, adaptados ao perfil da empresa.
Na sequência, aparece a questão da Gestão Reputacional e Comunicação de Crise. Ter uma estratégia própria de comunicação de crise pode ser a diferença entre sobreviver ou desaparecer diante de uma crise pública.
Para isso, é necessário criar um comitê interno de crise; definir quem serão os porta-vozes e mensagens-chave; monitorar continuamente as redes sociais e imprensa. Como a reputação é um patrimônio intangível, mas valioso, ignorá-la é negligenciar parte essencial da proteção empresarial.
Por fim, devemos pensar na Inteligência Estratégica e no Monitoramento. Isso significa que as empresas devem desenvolver sistemas próprios de inteligência competitiva, monitorando movimentos de concorrentes, mudanças regulatórias e sinais de crise geopolítica.
Para esta tarefa, as ferramentas de BI (Business Intelligence) e de análise de dados devem ser adaptadas à realidade da empresa, com dashboards personalizados que ajudem na tomada de decisão preventiva.
Em resumo, a proteção patrimonial exige mentalidade estratégica e comprometimento por parte das lideranças.
O que protege verdadeiramente uma empresa não é a blindagem momentânea, mas uma cultura contínua de vigilância, adaptação e resposta estratégica, especialmente em um mundo onde as ameaças externas evoluem rapidamente.