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Mercado de corridas de rua cresce no Brasil, mas ainda está longe do topo

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Foto: divulgação

Por Marcos Yano, CEO da Vega Sports.

O Brasil já conta com mais de 14 milhões de corredores de rua amadores, segundo um levantamento da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). São pessoas que correm sozinhas ou em grupos, fazendo parte de assessorias esportivas e participando das provas que acontecem em praticamente todas as grandes cidades do país a cada final de semana.

Para vários dos novos corredores amadores, o objetivo muitas vezes é cuidar da saúde física e mental. Além disso, a corrida é um esporte bastante inclusivo e possível de praticar tanto individual quanto coletivamente, atraindo um público diversificado e criando um novo estilo de vida que se reflete também na forma como as pessoas interagem com marcas e produtos.

A tendência cria uma oportunidade para empresas que estão ligadas ao mercado fitness e esportivo, como no caso dos segmentos de alimentos e vestuário. Uma pesquisa da consultoria de marketing Macfor aponta que nos últimos cinco anos a busca por “tênis de corrida” na internet aumentou 170%, evidenciando a janela que se abre neste mercado.

O momento das corridas de rua também abre portas para que as marcas esportivas se relacionem melhor com seus consumidores. Além das provas tradicionais, cresce o número de eventos temáticos, como a Barbie Run, uma prova repleta de referências e ativações para o público que ama a boneca. Da mesma forma, a Tricolor Run (São Paulo Futebol Clube) e a Fla Run (Flamengo) criam uma nova forma de interação entre clubes e torcedores e reforçam sua identificação com os produtos e as marcas como um todo. 

De acordo com a consultoria global Mordor, o setor fitness na América do Sul deve atingir um valor de US$ 5 bilhões em 2025 e ultrapassar US$ 8,3 bilhões até 2030. O reflexo deste crescimento no Brasil pode ser visto em um dos eventos esportivos mais tradicionais do país, a São Silvestre. Em 2023, o primeiro lote de inscrições da prova, com cerca de 18 mil vagas, foi vendido em aproximadamente 30 dias. Já em 2024, esse mesmo lote esgotou em apenas 27 minutos. Essa nova dinâmica vai demandar mais organização das provas e aumentar a oportunidade para marcas.

Embora a procura por corridas de rua no Brasil tenha crescido, temos um longo caminho até atingir o mesmo nível de organização de grandes maratonas globais, conhecidas como Majors e valorizadas pelo seu valor turístico. Em algumas delas, a procura pelo evento, inclusive por públicos estrangeiros, é tão alta que as vagas são distribuídas por sorteio, uma prática que visa tornar o acesso mais democrático. Esse “FOMO” (fear of missing out) ainda não é vivenciado no Brasil, mas pode chegar ao país neste ano, com a centésima edição da São Silvestre, um momento histórico para o cenário nacional.

Junto aos negócios, o investimento no mercado de corridas de rua tem potencial para transformar o cenário esportivo brasileiro desde sua base. Este novo momento das corridas pode representar um aumento nos investimentos estruturais para a promoção do esporte. 

Um exemplo é a São Silvestrinha, versão infantil da São Silvestre, que recebe anualmente cerca de mil jovens. Para efeito comparativo, a Mini Maratona de Londres já atrai mais de 15mil crianças. O número mostra que ainda temos muito a fazer para que o impacto dos nossos eventos seja visto também no fomento à prática esportiva desde a juventude.

As corridas de rua não fazem parte de um mercado novo e inexplorado pelas empresas esportivas. Pelo contrário, algumas das principais provas do mundo já são centenárias e amplamente reconhecidas por seu potencial comercial. A nova janela de oportunidades se abre em um momento onde correr passa a fazer parte da identidade das pessoas, sobretudo em um mundo onde o lifestyle de cada um é reforçado nas redes sociais. Hoje, quem pratica esportes preza pelo relacionamento com as marcas e quer que elas estejam alinhadas com seus objetivos. É uma relação vantajosa para as duas partes, pois promove uma cultura do bem-estar físico e mental e possibilita cada vez mais investimentos no esporte como uma ferramenta de transformação da vida das pessoas.

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