Por Guilherme Martins, cofundador da Eitri.
O uso de inteligência artificial (IA) deixou de ser uma aposta futurista para se tornar parte da estratégia de empresas de todos os segmentos, especialmente no varejo. Segundo dados da 6ª edição do Connected Shoppers Report, da Salesforce, 73% dos varejistas brasileiros planejam aumentar seus investimentos em IA em 2025. O estudo ouviu 8.350 consumidores e 1.700 tomadores de decisão em 21 países, incluindo 500 consumidores e 100 executivos no Brasil. Os dados refletem uma mudança de mentalidade em relação a: IA, antes vista com desconfiança ou como ferramenta de experimentação, agora é encarada como uma aliada estratégica em áreas como personalização de campanhas, automação de processos e otimização da experiência do cliente.A dúvida sobre a substituição de empregos pela nova tecnologia tem se tornado recorrente no setor, mas a questão precisa ser reformulada. Ao invés de focar no risco de extinção de funções, o debate deve se concentrar em como a IA pode atuar como uma espécie de “super estagiário” ágil, eficiente e capaz de fornecer subsídios valiosos para decisões estratégicas. Ferramentas baseadas em IA já demonstram competência para sugerir abordagens criativas, otimizar campanhas de marketing e gerar variações de texto e imagem, economizando tempo e permitindo que profissionais se dediquem ao que realmente importa, como por exemplo, a tomada de decisões e a criação com intencionalidade.
O uso discreto de ferramentas de IA tem sido comum entre profissionais que ainda temem parecer menos competentes diante da adoção da tecnologia. No entanto, esse movimento é mais frequente do que se imagina e tende a se intensificar à medida que a eficiência deixa de ser vista como inimiga da criatividade. Utilizar a IA de forma estratégica pode ampliar as possibilidades criativas e acelerar processos antes demorados, desde que sejam respeitados os limites éticos e a confidencialidade das informações.Um dos exemplos mais práticos apresentados é a aplicação da IA em estratégias de retail media. Ao invés de ações genéricas de marketing, a tecnologia permite identificar perfis de consumidores, mapear preferências e testar abordagens mais segmentadas com agilidade. Isso reduz o tempo de planejamento e aumenta a efetividade das campanhas.
A inteligência artificial também vem sendo incorporada ao desenvolvimento de soluções digitais, como aplicativos e interfaces personalizadas. Embora ainda não substitua profissionais especializados, já existem ferramentas capazes de auxiliar na criação de MVPs, protótipos e melhorias de usabilidade. Para que esses recursos sejam efetivos, no entanto, é essencial contar com uma base estruturada com dados bem organizados, metas definidas e entendimento profundo das necessidades do usuário.
A IA já está transformando a forma como o varejo opera, consolidando-se como uma ferramenta poderosa para impulsionar resultados concretos. O caminho passa por começar com iniciativas pequenas, testar, aprender e compartilhar experiências. A revolução não está em substituir pessoas, mas em potencializá-las. Com a expectativa de aumento nos investimentos nos próximos anos, o grande desafio das empresas será integrar a IA de forma ética, eficiente e alinhada às estratégias do negócio. Mais do que isso, será necessário superar o receio e adotar a tecnologia como uma aliada, e não como uma ameaça.