Por Ivan Moreno, CEO da Orbia.
O e-commerce brasileiro segue em expansão, e as pequenas e médias empresas (PMEs) estão no centro desse movimento. Entre janeiro e março de 2025, essas empresas movimentaram R$ 1,3 bilhão, um crescimento de 37,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, com 19,5 milhões de produtos vendidos – aumento de 30% na comparação anual, segundo dados da Nuvemshop.
Mas não é só o varejo tradicional que está se beneficiando dessa ascensão. O agronegócio, um dos pilares da economia brasileira, também tem se destacado no digital, com marketplaces agrícolas mostrando que estratégias bem direcionadas podem impulsionar vendas de forma significativa. E o que outros setores podem aprender com isso?
Entender o timing do cliente é fundamental
No agro, o produtor rural tem janelas específicas para plantio e colheita, o que define seus picos de compra. Marketplaces do setor sabem disso e investem em promoções e campanhas direcionadas a esses períodos.
Para outros segmentos, a lição é clara: conhecer o ciclo de consumo do seu público é essencial. Seja um varejista de moda antecipando coleções sazonais ou um lojista de eletrônicos aproveitando datas como Black Friday e volta às aulas. Isso significa que, alinhar ações comerciais aos momentos de maior demanda do cliente pode ser decisivo.
Crédito é uma alavanca de vendas
O acesso a crédito tem sido um diferencial para impulsionar transações online. O Mercado Pago, por exemplo, atingiu 64 milhões de usuários ativos mensais no primeiro trimestre, um aumento de 31% em relação ao ano anterior, com destaque para Brasil, México e Chile.
No agro, conceder linhas de crédito e parcelamento facilitado, como a CPRF (Cédula de Produto Rural Financeira) são fundamentais para viabilizar compras de insumos. Para outros setores, oferecer opções flexíveis de pagamento, como carnê digital, crédito rotativo e até mesmo soluções como Buy Now, Pay Later (BNPL), pode aumentar a conversão e fidelizar clientes.
Fidelização gera resultados
Programas de fidelidade é uma outra estratégia que segue em alta. Segundo a ABEMF (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização), o setor faturou R$ 21,9 bilhões em 2024, um crescimento de 17,6% em relação ao ano anterior. Foram 920,6 bilhões de pontos/milhas acumulados e 803,5 bilhões resgatados – alta de 18,3%.
No agronegócio, plataformas têm usado essa mesma iniciativa de programas de recompensas para incentivar a recorrência, como descontos progressivos e benefícios exclusivos. Para o varejo online, recompensar o cliente não só por comprar, mas por engajar (compartilhar, indicar amigos, participar de promoções) pode ser um caminho eficiente para aumentar o ticket médio e a retenção.
A soma de esforços
Com essas estratégias, sabemos, sem sombra de dúvidas, que o sucesso do agro no digital não vem de uma única estratégia, mas da combinação de entendimento do cliente, facilidade de pagamento e fidelização inteligente. Para o segundo semestre, empresas de outros setores podem se inspirar nesse modelo, adaptando ações às particularidades de seu público, para que o e-commerce brasileiro siga em crescimento. Quem souber integrar timing, crédito e fidelização estará à frente na corrida pelas vendas online. O campo já mostrou que funciona. Agora, é levar essas lições para outras áreas.