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Silêncio não é estratégia: por que incluir também é comunicar

Foto: divulgação

Por Leandro Oliveira, diretor do Brasil e de EMEA da Humand.

Vivemos um tempo em que o trabalho assume múltiplos formatos e se distribui por diferentes territórios. A imagem clássica de escritórios lotados de pessoas e computadores já não retrata a realidade atual com precisão. Hoje, é muito mais comum vermos espaços de trabalho compartilhados ou até mesmo diferentes atividades cooperando em um mesmo espaço, com grandes escritórios contendo fábricas, pontos de venda e centros de distribuição, por exemplo. Nesse novo mosaico de realidades, a comunicação corporativa precisa ultrapassar barreiras físicas e digitais para cumprir seu papel mais essencial: o de incluir.

A descentralização das equipes, impulsionada pelos modelos híbridos e remotos, representou ganhos de flexibilidade. Contudo, essa transformação no formato dos trabalhos também expôs um desafio urgente: como garantir que todos os colaboradores, independentemente da área em que atuam ou da região do globo onde vivam, sintam-se parte de uma mesma cultura organizacional?

A resposta passa por uma comunicação interna que seja, de fato, acessível e compreensível a todos. Ao restringir a comunicação a canais como e-mails ou intranets acessíveis apenas por computador, ignoramos um dado crucial: 80% da força de trabalho global não está atrás de uma tela, segundo o estudo The Rise of the Deskless Workforce. São profissionais que, mesmo operando em funções essenciais, frequentemente acabam ficando à margem das conversas estratégicas da empresa.

E o impacto dessa exclusão vai além do desconforto. A ausência de uma comunicação inclusiva compromete o engajamento, a produtividade e o senso de pertencimento. Não à toa, dados da Gallup, organizações com comunicação interna eficaz registram 47% menos rotatividade. Em paralelo, um estudo da Harvard Business Review aponta que colaboradores engajados podem ser até 21% mais produtivos. Ou seja, um fortalecimento da cultura corporativa representa um excelente negócio.

É importante ressaltar um preceito básico: a comunicação precisa ser tão diversa quanto os públicos que pretende alcançar. Ao democratizar o acesso à informação, as empresas permitem que o colaborador da linha de frente receba a mesma mensagem que o executivo da sede. Esse alinhamento gera conexão e empatia.

Porém, mais do que discursos alinhados, a inclusão precisa ser prática cotidiana. Significa ouvir todas as vozes, adaptar formatos, traduzir linguagens e adotar tecnologias que respeitem as realidades de cada grupo. Uma empresa inclusiva não se restringe apenas àquela que valoriza a diversidade, mas também engloba aquela que integra seus talentos diariamente, em cada mensagem, em cada gesto, em cada ação, fazendo com que todos se sintam pertencentes. 

Usando novamente os dados como prova dessa importância, a McKinsey revela que companhias inclusivas têm 35% mais chances de superar seus concorrentes em performance financeira. No entanto, a verdadeira vantagem competitiva muitas vezes está além dos números: está em construir uma cultura onde todos importam, todos são ouvidos e todos têm acesso à informação necessária para fazer seu melhor.

Comunicação é cultura em movimento. Quando ela inclui, ela também une. E quando une, fortalece. Empresas que compreendem isso evoluem e se tornam mais humanas, resilientes e preparadas. É por meio dela que se constrói confiança, se reduz a fragmentação entre áreas e se promove um ambiente em que cada colaborador se reconhece como parte essencial do todo. Em um contexto de transformações aceleradas, onde as fronteiras entre o físico e o digital se diluem, empresas que conseguem se comunicar com clareza estão um passo à frente. A inclusão, afinal, começa com escuta e se consolida com diálogo.

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