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Inovação não basta: startups com gestão disciplinada têm mais chances de se destacar

Foto: divulgação.

Por Fernando Trota, CEO da Triven.

O cenário para startups no Brasil e no mundo passou por transformações relevantes nos últimos anos. A ampla disponibilidade de capital, que em 2020 e 2021 impulsionou o crescimento acelerado de negócios inovadores, deu lugar a um ambiente mais seletivo e exigente. Em 2025, a inovação permanece como elemento essencial, mas demonstrações claras de gestão disciplinada e eficiente ganham protagonismo na avaliação de investidores e no fortalecimento dos negócios.

Um relatório bem conhecido  da CB Insights mostra que a falta de caixa está  entre as principais causas de encerramento de startups. Esta realidade, frequentemente atribuída a fatores externos como acesso restrito a investimento, reflete, em muitos casos, uma lacuna nas práticas de gestão interna. A dificuldade de manter o fluxo de caixa ou de alcançar validações de mercado dentro do prazo planejado evidencia a necessidade de um modelo de administração mais estruturado.

Dentro desse contexto, a prática conhecida como Finance Hacking se consolida como um caminho possível. A metodologia propõe que, independentemente do volume de recursos captados, as startups devem buscar a máxima eficiência no uso do caixa disponível. Isso inclui decisões estratégicas sobre o momento certo de expandir uma operação, priorização de investimentos em produtos com maior potencial de validação e, principalmente, a adoção de processos financeiros enxutos que permitam visualizar cenários alternativos para eventuais contingências.

Essa abordagem pragmática encontra respaldo no movimento global de maior exigência por parte de investidores. O cenário que se configurou a partir de 2022, com o aperto monetário em diversas economias e a consequente retração no fluxo de venture capital, trouxe uma mudança na forma como fundos de investimento analisam empresas em estágio inicial. Além do potencial de crescimento, passaram a ser critérios essenciais a robustez dos dados financeiros, a qualidade dos processos internos de compliance e a capacidade de gestão de risco.

Diante disso, startups que conseguem estruturar suas áreas de finanças desde o início passam a ter uma vantagem competitiva relevante. Contar com uma equipe qualificada, mesmo que terceirizada, permite antecipar práticas que serão exigidas em rodadas futuras de captação. A terceirização estratégica de funções de alto impacto, como CFO as a Service e gestão financeira recorrente, tem se mostrado uma solução eficaz para equilibrar qualidade, custo e flexibilidade no momento de estruturar o negócio.

Vale observar que a busca por disciplina financeira não exclui a criatividade, mas a complementa. No atual ambiente de negócios, inovar com responsabilidade, planejando o uso do capital e mapeando riscos de forma transparente, é fundamental para garantir a longevidade de uma empresa. Startups que se organizam com essa mentalidade tendem a atravessar períodos de volatilidade com mais resiliência e capacidade de adaptação.

A construção de uma operação financeiramente sólida não é uma garantia de sucesso imediato, mas aumenta significativamente as chances de atravessar as fases críticas do ciclo de vida de uma startup. Em 2025, os negócios que mais se destacarão serão aqueles que conseguirem unir a força das ideias inovadoras à consistência das práticas de gestão, transformando visão em execução sustentável.

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